Pular para o conteúdo principal

Greve ganha corpo na Avenida Paulista

Linha fina
No terceiro dia, grandes concentrações localizadas no centro financeiro paralisaram as atividades; bancários de mais de 100 agências da região também cruzaram os braços por melhores salários e condições de trabalho
Imagem Destaque

São Paulo – A greve entrou no terceiro dia nessa quinta-feira 2 ganhando ainda mais força e adesão na região da Avenida Paulista. Além de funcionários de 108 agências, centenas de bancários de concentrações como a Superintendência do Banco do Brasil, matriz do Daycoval e o Centro Administrativo Brigadeiro do Itaú e o Bradesco Prime cruzaram os braços por melhores condições de trabalho e reajuste maior. E mais uma vez, o descontentamento e a indignação imperaram entre os trabalhadores.

> Vídeo: matéria especial da Paulista

No Prime (foto acima), a queixa é por falta de oportunidades e injustiças quanto à divisão dos lucros. “O Bradesco tem uma cultura de m... Eu trabalhei em quase todos os bancos e posso afirmar que aqui as pessoas nos cargos superiores abocanham uma parcela muito maior dos lucros do que as pessoas da base em comparação a outros bancos”, afirmou um funcionário.

> Fotos: galeria da paralisação na região da Paulista

Outro fez questão de ressaltar a, segundo ele próprio, hipocrisia da instituição. “A meritocracia, que é tão estimulada e propagada pelo próprio banco, aqui não existe. Favorecem sempre algum amigo do gestor ou um medalhão que está no banco há muitos anos.”

O fato de o Bradesco ser o único dos grandes bancos a não conceder auxílio-educação também foi ressaltado. "Aqui no Prime só tem oportunidade quem tem diploma de pós-graduação, mestrado. Mas como vou conseguir estudar mais ganhando um salário de R$ 2 mil? É justo recebermos pelo menos um auxílio-educação, como em outros bancos. Olha o lucro do Bradesco. Nós que fazemos esse resultado. Ganhar auxílio-educação é mais que justo. Mostraria que o banco valoriza a gente.”

Os trabalhadores do Daycoval (foto abaixo), banco de investimentos com sede na Avenida Paulista, também interromperam suas atividades para cobrar da Fenaban reajustes salarias das verbas e dos vales, segundo eles, insuficientes. “Tem que melhorar a questão do vale-refeição e principalmente do vale-alimentação. A quantia atual não é suficiente. Teria que ser pelo menos o valor do mínimo (R$ 724)”, opinou um funcionário.

Um colega completou: “Aqui na região da Avenida Paulista o vale-refeição é pouco. Lá pelo dia 15 já acabou, e a partir daí tenho que completar com o meu salário”, afirma.

Outro bancário reclama das condições de trabalho. “Demitiram quatro pessoas no meu departamento e passaram as funções para mim, sem que eu ganhasse nenhum aumento para isso. Só as cobranças e o trabalho aumentaram.”

Se a insatisfação com as verbas é patente, diante da cobrança por resultados é ainda maior. “As metas são muitas e o salário é pouco”,  resumiu uma bancária do Itaú, que relata verdadeira epidemia de afastamentos por adoecimento na sua unidade.

“Temos três funcionários afastados com síndrome do pânico e depressão e mais uma com tendinite. É mais de 50% do contingente. Eu mesma tomo remédios para conseguir lidar com a pressão, senão eu surto. É horrível trabalhar o tempo todo com medo de perder o emprego por não conseguir bater a meta”, desabafou.

Leia mais
> Greve só acaba com proposta decente


Rodolfo Wrolli - 2/10/2014

seja socio