Pular para o conteúdo principal

Trabalhadores em defesa das estatais

Linha fina
No Dia Nacional de Luta contra o PLS 555, que pretende transformar empresas públicas em sociedades anônimas, Sindicato, Apcef e bancários da Caixa e BB foram às ruas defender o patrimônio brasileiro
Imagem Destaque
São Paulo – Trabalhadores do BB e Caixa, junto com Sindicato e Apcef (Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal), foram às ruas na segunda 14 lutar contra o projeto que pretende transformar as empresas estatais em sociedades anônimas. O ato em São Paulo, que começou em frente a uma agência da Caixa na Avenida Faria Lima e seguiu para uma unidade do BB na Rua dos Pinheiros, fez parte do Dia Nacional de Luta Contra o PLS 555.

> Veja fotos do ato

“O Sindicato está nesse ato nacional contra o PLS 555, junto com bancários da Caixa, a Apecef, trabalhadores do BB e também de bancos privados, como Santander e Itaú, fazendo o debate sobre a importância de manter a Caixa 100% pública e vencer o PLS 555, que abre o capital de todas as estatais brasileiras. Estamos fazendo a defesa da ampliação do controle social das estatais e a importância dessas empresas para o desenvolvimento do país”, explica o diretor executivo do Sindicato e empregado da Caixa Dionísio Reis.

> PLS 555 ameaça programas sociais 
> PLS 555 abre portas à privatização 

Segundo o dirigente, é possível vislumbrar o futuro das estatais, se aprovado o PLS 555, olhando para a situação da Sabesp, empresa estatal de capital aberto responsável pelo abastecimento de água de milhões de pessoas em São Paulo.

“A Sabesp, que tem ações negociadas na bolsa de Nova Iorque e é uma empresa altamente lucrativa, reverte dividendos para acionistas, mas deixa a população sem água. Não existe uma crise hídrica, não falta água. O que falta é abastecimento. É uma crise de investimento por parte da Sabesp na sua função social, na sua função pública”, enfatiza Dionísio.

> Sabesp virou um balcão de negócios 
> População sem água e acionistas satisfeitos 

Os dirigentes presentes lembraram ainda da atuação dos bancos públicos na crise de 2008, quando forneceram crédito para a população, aquecendo o mercado interno, o que ajudou o país a enfrentar a turbulência econômica global sem maiores prejuízos. Além disso, também foi citada a importância destas instituições diante do oligopólio dos bancos privados no setor financeiro.

“Temos apenas três grandes bancos privados: Santander, Itaú e Bradesco. Como vamos ter uma economia saudável, bem fiscalizada, com juros menores para o desenvolvimento do país, com apenas três grandes bancos? É a oligopolização da economia. Não existem riscos para estas empresas. Elas administram a economia e dizem o valor do dinheiro, a taxa de lucro delas: o juro. O sistema financeiro financia as campanhas e pressiona o governo a subir a Selic. Ainda bem que temos dois grandes bancos estatais que, se bem administrados, podem baixar juros e fazer concorrência aos bancos privados. Isso é uma visão estratégica das empresas estatais”, explica o dirigente sindical e bancário do BB Paulo Rangel.

Outra preocupação dos representantes dos bancários em relação ao PLS 555 é a consequência da sua aprovação para a participação dos trabalhadores nos conselhos administrativos, como determina a lei 12.352, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 28 de dezembro de 2010.  

“Nós defendemos a democratização no trabalho. Isso significa a participação direta dos trabalhadores nos conselhos como um ente fiscalizador a partir da ótica das relações de trabalho. E queremos ainda mais democracia, mais controle social. Os movimentos de moradia, por exemplo, também devem participar da gestão da Caixa, assim como os trabalhadores rurais no BB”, diz Paulo Rangel.

“Se as estatais virarem sociedades anônimas, quem vai administrá-las serão os conselhos dos investidores. E, para eles, quanto mais lucro melhor. Com isso, os investimentos não serão necessariamente no desenvolvimento da sociedade brasileira”, conclui o dirigente sindical.  

O texto do PLS 555 é um substitutivo aos projetos de lei do Senado 167/2015, de Tasso Jereissati (PSDB-CE), e 343/2015, de Aécio Neves (PSDB-MG), e ainda ao anteprojeto apresentado pelos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Hotsite – Todas as informações sobre a luta contra o PLS 555/2015 podem ser encontradas no site www.diganaoaopls555.com.br. Na área de downloads estão disponibilizados cartazes, faixas e banners para impressão.


Felipe Rousselet - 14/12/2015
seja socio