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Banco do Brasil, cadê a prevenção?

Linha fina
Em 2014, instituição se comprometeu a fazer manutenção de aparelhos de ar-condicionado, mas quebras constantes se repetem neste verão
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São Paulo – Faltam bancários para assumir os caixas, falta bebedouro e falta aparelho de ar-condicionado que funcione. Tudo isso acontece em uma unidade do Banco do Brasil, o mesmo que apenas no terceiro trimestre de 2014 alcançou lucro de R$ 2,9 bilhões. Os problemas foram flagrados pelo Sindicato na agência Itaquera, que recebe centenas de clientes por dia na zona leste da capital. Diante da falta de condição de trabalho, a agência não abriu as portas na quarta-feira 21. O objetivo dos funcionários foi pressionar a direção do BB para que algo seja feito.

> Fotos: galeria da mobilização

Além da falta de infraestrutura, funcionários reclamaram da sobrecarga de trabalho na agência. Na quinta-feira 22 representantes do Sindicato cobrarão em reunião com a Cenop, setor responsável pela infraestrutura das agências, a solução para os problemas.

Prevenção – Apesar do visual moderno, com atendimento dos caixas no andar superior equipado por assentos coloridos, estofados e confortáveis, não há bebedouros no local e o ar está quebrado há três semanas.

No verão de 2014, representantes do Sindicato reivindicaram em reunião que a Gestão de Pessoas (Gepes) e a Gerência Regional de Apoio aos Negócios e Operações (Genop) trabalhassem com medidas de prevenção nos meses seguintes para que os bancários não voltassem a enfrentar a situação caótica que viveram em agências sem ar-condicionado.

No entanto, na semana em que São Paulo registrou as maiores temperaturas do ano, chegando a 37,8 graus, funcionários da agência Itaquera sentem na pele o descaso do banco. “Cadê a prevenção que o banco se comprometeu a colocar em prática?”, cobra a dirigente sindical Tânia Balbino.

Um bancário disse que se sente desrespeitado. “É uma humilhação. Por volta das 14h estou todo suado e com a roupa colando no corpo. É difícil atender os clientes nessa situação. E a população também sofre. Idosos chegam a passar mal.”

População sofre, mas apoia a luta – Somente o autoatendimento funcionou nessa quarta na agência Itaquera. Apesar dos transtornos, muitos clientes apoiaram a luta e aproveitaram os gelinhos distribuídos (foto abaixo) pelo Sindicato para se refrescar.

Lucas Ramon foi até a agência para pagar contas da empresa onde trabalha, localizada também na zona leste e, apesar das dificuldades, estava consciente dos motivos. “Isso é consequência de um país em que os bancos só querem ter lucro e não dividem isso nem mesmo com seus funcionários, que constroem esse resultado. Minha mulher é bancária e até para sair de férias é uma luta. Aqui na região muitos idosos usam a agência, pois não sabem mexer na internet para resolver suas transações. Chegam aqui e nem água têm para tomar”, protestou.

“Assim como o bancário, eu também me sinto desrespeitada. Eu sou da periferia e tenho esse ‘tratamento VIP’ aqui? Venho atrás de um serviço, grávida de sete meses, me deparo com esse caos. A luta não é para a melhoria só para o funcionário, mas também para a população da periferia”, destacou Rosângela Faria.

O dirigente sindical Cláudio Luís ressaltou que a cobrança para que a direção do Banco do Brasil resolva problemas de condições de trabalho continua. “Não dá para ficar apagando incêndio. O BB precisa trabalhar com prevenção. Um banco que dá milhões de lucro e não oferece condição de trabalho, mas na hora de contar a meta individual, não quer saber da sua condição de trabalho.”


Gisele Coutinho – 21/1/2015

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