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Rafael Matos, do Caref, defende papel público do BB

Linha fina
Ex-diretor do Sindicato, bancário concorre a seu segundo mandato como representante dos funcionários no Conselho de Administração do banco; eleição é entre 2 e 6 de março
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São Paulo – Desde que foi sancionada a Lei 12.353, em 28 de dezembro de 2010, os trabalhadores de empresas públicas federais têm o direito de escolher um representante para a instância máxima de decisão dessas instituições: seus conselhos de administração. Pela segunda vez, os funcionários do Banco do Brasil exercem o direito a essa escolha.

Primeiro bancário eleito para o cargo, em 2013, Rafael Matos concorre à reeleição. Foi o candidato com mais votos no primeiro turno da eleição (2 e 6 de fevereiro) – quando concorreu com outros 149 – e disputa agora o segundo turno, que começa na segunda 2 e vai até sexta 6.

Nesta entrevista ele fala de suas propostas e sua primeira atuação como Caref. Respostas que reforçam porque conta com o apoio do Sindicato e da maioria das entidades representativas dos bancários no país.

A presença de um trabalhador nas instâncias de decisão das estatais federais era uma bandeira da CUT e acabou se tornando lei. Qual a importância do Representante dos Funcionários no Conselho de Administração do BB (Caref)?
RM: Essa conquista da CUT é muito importante porque abre espaço de representação dos trabalhadores no principal órgão de decisão de cada empresa estatal federal. O Caref é fundamental para levar até a alta direção do banco, as preocupações, angústias e reivindicações dos funcionários e defender uma visão de instituição financeira vinculada aos interesses da sociedade brasileira e dos trabalhadores.

Ainda que seja apenas um no conselho?
RM: Mesmo sendo um só entre os oito conselheiros do BB, o Caref pode, sim, interferir nos debates que passam pelo conselho, fazendo o contraponto ao que defendem os representantes do governo e dos demais acionistas. Desde o primeiro dia no Conselho de Administração defendemos a bandeira do movimento sindical, de que não há travas à participação do Caref nas decisões que envolvam os funcionários. Este avanço é fundamental.

O que destacaria na sua primeira atuação como Caref?
RM: Em meu primeiro mandato sempre atuei em sintonia e em conjunto com os sindicatos e a Contraf. Fiz muitas reuniões nos locais de trabalho pelo Brasil afora, ouvindo os funcionários para levar até o conselho as suas preocupações. Defendi os interesses dos empregados e, nas reuniões do conselho, votei contra todas as propostas que prejudicam os trabalhadores, tais como as reestruturações, votei contra propostas de terceirização e transferência de serviços e ativos do banco para outras empresas. Votei sempre pelo fortalecimento do BB enquanto empresa pública. Denunciei o assédio moral e defendi a contratação de mais funcionários.

Quais suas principais propostas caso seja reeleito?
RM: Minhas propostas são continuar defendendo os interesses dos funcionários e lutar para que o caráter público do BB seja cada vez mais aprofundado. Defendo a contratação de mais bancários e a valorização das pessoas, com critérios claros de ascensão e encarreiramento. Defendo o fim do assédio moral e a revisão da política de metas que explora os empregados. E ainda Cassi e Previ fortes, sob controle dos associados. Lutarei para que o BB seja de fato o agente do desenvolvimento, fornecendo crédito para a geração de emprego e renda. Um banco com um papel social muito mais relevante do que tem hoje.

As mulheres são 48% do funcionalismo do BB. Você tem propostas específicas para as bancárias?
RM: Defendo a igualdade de oportunidades e a presença de mais mulheres nos cargos de direção. Hoje não há nenhuma mulher na diretoria do banco, e essa discriminação se repete em todos os níveis.  Sempre defendi a igualdade de gênero e a presença das mulheres em todas as instâncias do banco.

Qual sua avaliação sobre a gestão de cobrança de metas do banco?
RM: A cobrança é muito forte e muitas vezes deixa as pessoas sob tensão permanente. Hoje se verifica um nível de adoecimento muito grande e muitos casos de colegas que vivem à base de calmantes por conta das cobranças que acontecem várias vezes ao dia. Já denunciei no Conselho de Administração e é preciso acabar com isto. O banco precisa estabelecer uma relação de confiança com seus funcionários, definindo objetivos e metas com a participação de todos, mas deixando nossos colegas livres para atingirem os objetivos sem as cobranças cruéis que se fazem hoje. O pessoal do banco é muito qualificado, envolvido com as políticas da empresa e não pode ser tratado sob chicote como hoje acontece.

E sobre a política de valorização dos funcionários no BB?
RM: A valorização deve se dar em vários níveis: salários, benefícios, PLR, encarreiramento e ascensão profissional. Em relação à remuneração, sempre defendemos sua melhoria, em sintonia com o conjunto do funcionalismo e com as reivindicações do movimento sindical. As reivindicações são muitas e continuaremos lutando por elas. É preciso também valorizar os funcionários com a remuneração adequada de acordo com a responsabilidade e, sobretudo, estabelecer critérios claros de comissionamento e promoção, para que todos tenham as mesmas oportunidades, reconhecendo suas potencialidades.

Na sua opinião, qual o papel do BB enquanto banco público?
RM: O maior exemplo do papel público do BB foi dado na crise mundial de 2008, quando o banco implantou uma política anticíclica, aumentando o volume de operações de crédito e reduzindo as taxas de juros. Esta política, implantada junto com a Caixa e o BNDES, foi fundamental para a forma como o Brasil passou pela crise, diferentemente dos demais países.

O banco precisa aprofundar esta política e se voltar mais para pequenas e médias empresas, para a agricultura familiar e todas as atividades produtivas que gerem emprego e renda. É preciso dar prioridade ao crédito e não à venda de produtos de seguridade, como acontece hoje. Aliás, é a venda desses produtos que leva à cobrança desmesurada por metas que hoje impera no banco.


Andréa Ponte Souza – 25/2/2015

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