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Encontro de Mulheres da CUT discute paridade

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Discriminação contra mulheres negras também foi destaque da oitava edição do encontro, que teve participação de representantes do Sindicato
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São Paulo - O 8º Encontro Nacional de Mulheres da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em Brasília, terminou neste domingo 29. Também chamado de "Encontro da Paridade” o evento, que teve início no dia 27, reuniu mais de 600 sindicalistas de todo o país para discutir, além da paridade, temas como democratização do Estado, reforma política e democratização dos meios de comunicação, além de lutas históricas da pauta feminista, como a presença das mulheres no mercado de trabalho e a situação das mulheres negras.

O tema “paridade” foi destaque, lembrando que ainda vivemos em uma sociedade capitalista, machista, patriarcal e desigual. Apesar de representarem mais de 50% da classe trabalhadora, em condições diferenciadas, ainda há opressão em todos os espaços e no espaço do trabalho produtivo é onde ela mais persiste. No Congresso Nacional as mulheres são apenas 10% dos deputados e no Senado somente 13,6%. O que reforça a importância da reforma política, também citada no encontro, com lista de alternância de gênero nas eleições, por exemplo, que coloca o debate da paridade para a sociedade.

Entre os bancários essa desigualdade também está refletida. No total, as mulheres representam 52,3% da categoria na base territorial do Sindicato e, segundo o Censo da Diversidade mais recente, feito em 2014, têm qualificação profissional superior a dos homens: 82,5% contra 76,9%. Porém, continuam ganhando menos. O rendimento médio mensal delas em relação ao deles é de 77,9%. Isso ocorre mesmo com a escolaridade das mulheres ser, me média, maior que a dos homens.

O encontro ressaltou, ainda, que a rotatividade e desemprego atingem especialmente as mulheres negras. “Quando observamos a desigualdade vemos que ela se acentua nas mulheres negras. Quase não vemos mulheres negras nas agências bancárias, mesmo na Bahia, estado com maior número de população negra, elas não refletem esta realidade, principalmente nos cargos de gerência e alta direção”, apontou Elaine Cutis, dirigente sindical bancária que esteve no encontro.

A sindicalista ressalta que o grande desafio é levar esse debate para a sociedade. Segundo Elaine a luta pelo fim da desigualdade passa também pela responsabilidade compartilhada entre homens e mulheres, já que ainda hoje cuidados domésticos e com os filhos recaem geralmente somente em cima das mulheres. Políticas públicas que dialoguem melhor com o combate à violência são outro ponto essencial na luta, assim como o acesso às creches.

Margaridas - Após os debates, foi feito um ato sobre a Marcha das Margaridas, que acontece de quatro em quatro anos, em agosto, e reúne mulheres do campo e da cidade por direitos, reformas, liberdade, autonomia e igualdade. A marcha busca discutir o modelo atual de desenvolvimento vigente no país focando na realidade da mulher no campo.

Segundo Maria Rosani, diretora executiva do Sindicato que também participou no encontro, o evento foi importante para reforçar como é essencial que o Sindicato e as centrais sindicais pensem a pauta política incorporando o tema da opressão às mulheres e da igualdade salarial, tão importante quanto o aumento real de salário.


Redação – 30/3/2015

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