Pular para o conteúdo principal

Defensoria vê indícios de tortura a travesti presa

Linha fina
Em depoimento, Verônica Bolina nega ter sido vítima de agressões por policiais do estado de São Paulo, mas declaração pode ter sido forjada já que seu rosto aparece desfigurado
Imagem Destaque

São Paulo – A defensoria pública de São Paulo vê indícios de tortura na prisão da travesti Verônica Bolina. Ela foi detida em flagrante, na sexta-feira 10, sob acusação de tentativa de homicídio, após briga com uma vizinha idosa, e levada para a carceragem do 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, na região central de São Paulo, quando sofreu agressões físicas.

Apesar de estar sob custódia do estado, Verônica sofreu violações de direitos humanos ao dividir uma cela com homens e ser exposta de forma humilhante, o que contraria a resolução da secretaria nacional de Direitos Humanos, que determina celas exclusivas para homossexuais e travestis.

O advogado do Centro de Cidadania LGBT da Prefeitura de São Paulo, Thales Coimbra, esclarece sobre a resolução: "Determina que seja criada uma ala para LGBTs, para travestis e transexuais, e, de fato, ela ter sido colocada com outros prisioneiros viola a identidade de gênero dela", falou ao repórter Jô Miyagi, do Seu Jornal, da TVT.

> Vídeo: assista a reportagem completa do Seu Jornal

Para Thales, a exposição da imagem de Vêronica mostra que a sociedade brasileira tem dificuldade em respeitar os direitos da população LGBT.

"Independente daquilo que vai ser investigado e apurado, dos crimes que são imputados a ela, ela é uma pessoa, a imagem dela pertence a ela e ninguém tem o direito de expô-la, como foi exposta", ressalta o advogado.

Na carceragem, Verônica teria arrancando um pedaço da orelha de um carcereiro, com os dentes, segundo a polícia.

Apesar de desfigurada, em depoimento gravado por celular, Verônica negou que tenha sido torturada por policiais. "Não quero ser usada para fins políticos e não fui torturada. A única coisa que quero é ter a minha vida de volta. Só isso que eu quero".

O áudio foi gravado, e divulgado nas redes sociais, por Heloísa Alves, coordenadora  de Políticas de Diversidade Sexual do Estado de São Paulo. Outro trecho desse mesmo depoimento mostra que a travesti estaria sendo orientada a dizer que não foi torturada.

Para o advogado, esse depoimento tem que ser visto com reservas, pois foi dado sem acompanhamento de um advogado escolhido por Verônica.


Rede Brasil Atual - 17/4/2015

seja socio

Exibindo 1 - 1 de 1