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Proposta do BB para Cassi ameaça solidariedade

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Em reunião, representantes do banco sugerem que funcionários arquem com eventuais déficits levando em conta idade e grupo familiar; negociações continuam e bancários devem se apropriar do debate
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São Paulo – Em mais uma reunião para discutir a Caixa de Assistência dos Funcionários (Cassi), na terça 19, em Brasília, representantes do conselho social (Contraf, sindicatos, diretores eleitos e associações de funcionários e de aposentados) voltaram a defender a manutenção do princípio de solidariedade, segundo o qual os usuários, independentemente da idade ou do número de dependentes que tenham, contribuem com os mesmos 3% sobre seus salários para a Cassi (o banco contribui com 4,5% sobre o salário de cada bancário).

Para os representantes dos trabalhadores, a proposta apresentada pelo banco durante a reunião representa uma ameaça a esse princípio: o BB sugeriu que arquem com eventuais déficits, rateando o prejuízo de acordo com grupo familiar e com a idade. “De certa forma isso fragilizaria o princípio de solidariedade. Além do mais, com a proposta são os trabalhadores que vão arcar sozinhos com o déficit, ou seja, o banco mantém sua recusa de contribuir com algum aporte. É preciso negociar e discutir outras alternativas que sejam melhores para os associados”, diz o diretor executivo do Sindicato Ernesto Izumi, que participou da reunião.

Fundo – Outra proposta apresentada pelo BB foi repassar R$ 5,8 bilhões – que estão provisionados no balanço do banco como compromisso com aposentados – para a Cassi, que passaria a gerir esse recurso. Os R$ 5,8 bi constituiriam um fundo que só poderia ser usado para arcar com a saúde dos aposentados presentes e futuros. Além disso, o BB contribuiria com 0,99% sobre os salários dos trabalhadores da ativa para este fundo.

Segundo o banco, cálculos atuariais garantem que esses valores seriam suficientes para honrar a responsabilidade com a saúde dos aposentados. Para o movimento sindical é preciso analisar a proposta com cautela. “O banco afirma que seria suficiente, mas seria mesmo? Como ele se baseia em cálculos atuariais, em dados como expectativa de vida dos funcionários, por exemplo, precisamos de mais informações sobre esses dados e um amplo debate para chegar a uma posição”, explica Ernesto.

>  Leia a nota oficial da reunião

Debates e informação – Segundo o dirigente, no momento em que se discute o futuro da Cassi é fundamental que os usuários se apropriem dos debates. “Estamos realizando reuniões nos locais de trabalho para discutir os problemas e nossas propostas para a Cassi com os bancários. E em breve começaremos a chamar plenárias sobre o assunto. Todos devem participar e se informar. Não podemos tomar decisões precipitadas”, diz Ernesto, acrescentando que os trabalhadores não devem se manifestar nos canais do banco e sim nos dos sindicatos, pois “o banco tem disputado a comunicação”.

Novo modelo – Na reunião também foi destacada a proposta dos trabalhadores de se investir em um novo modelo para a Cassi, que aposte mais na prevenção que na cura e que tem como estratégia o fortalecimento da saúde da família. O banco concorda com essa proposta, mas se recusa a realizar aportes para que se possa investir nesse modelo.

“Continuamos reforçando eixos fundamentais de nossa proposta: que o déficit não seja de responsabilidade apenas dos funcionários, a manutenção do princípio de solidariedade, a garantia da mudança estrutural da Cassi com a Estratégia da Saúde da Família, e a garantia de atendimento de saúde aos aposentados. “Esse é um momento de negociação, e devemos nos manter unidos, mobilizados e fortes”, reforça Ernesto.


Andréa Ponte Souza – 20/5/2015
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