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Reação em defesa dos empregos no HSBC

Linha fina
Bancários e movimento sindical começam a coletar assinaturas que serão entregues a órgãos reguladores financeiros, congressistas e governo federal em um claro recado: nos empregos ninguém mexe!
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São Paulo – O movimento sindical iniciou um processo de recolhimento de assinaturas em todo o país para reagir a uma eventual situação de demissão em massa com a venda do HSBC. O objetivo é chamar a atenção dos órgãos reguladores, governo federal e congressistas para a ameaça aos mais de 20 mil trabalhadores do banco britânico no Brasil.

> Fotos: galeria da mobilização

“Quanto mais assinaturas reunirmos, mais força teremos para lutar pelos nossos empregos. E essa luta é de toda a sociedade, portanto todos devem se apropriar desta causa”, afirma o dirigente sindical Paulo Sobrinho. O Sindicato já se reuniu com o ministro do Trabalho e os presidentes do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em defesa dos bancários.

Os bancários podem baixar documento para angariar ainda mais adesões em apoio à luta. Clique aqui para imprimir.

Apreensão – Na base do Sindicato, as assinaturas começaram a ser compiladas na segunda-feira 20 no Casp, centro administrativo que reúne cerca de mil trabalhadores, e onde a apreensão toma conta do ambiente. “O pessoal está bem desanimado, pincipalmente quem tem filho, como eu. Não sabemos o que vai acontecer”, diz uma bancária.

“O clima está péssimo. Hoje mesmo eu perguntei para a minha amiga se já marcou as férias e ela respondeu: ‘você ainda acha que a gente vai ter férias?’”, conta outra. “Trabalho há 20 anos neste banco, desde que ainda era Bamerindus, e o HSBC nunca foi transparente em nada, como não está sendo agora também. Não nos dizem nada sobre o futuro”, relata outra funcionária.

Bradesco e Santander já anunciaram interesse em adquirir o HSBC, o que representaria mais concentração e, consequentemente, menos concorrência no setor bancário – hoje apenas seis bancos atuam em nível nacional no país.

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“Se um banco estrangeiro comprar vai ser melhor, pelo menos vamos manter nossos empregos. Mas se o Bradesco e o Santander comprarem, para que eles vão querer manter tudo isso?”, pondera um bancário enquanto aponta para o Casp.

“Não estão preocupados com quem trabalha no banco ou com os clientes”, criticou o correntista Jair Luis da Silva. “[Os diretores do HSBC] Estão pensando só em ganhar o deles, mas se o banco fechar e mandarem um monte de gente embora, como é que vão ficar as famílias dessas pessoas?”, questiona o motorista.

> Mobilização internacional dos bancários do HSBC

“O HSBC veio para o Brasil, lucrou tudo o que pôde, e agora quer abandonar o país deixando desemprego. Por isso os bancários têm de se engajar e ser protagonistas em todo esse processo de defesa dos empregos junto com o Sindicato”, reforça Paulo Sobrinho.
Impacto econômico – As possíveis demissões não vão afetar apenas os bancários e suas famílias. Em Curitiba, por exemplo, onde está localizada a sede do HSBC no Brasil, calcula-se que o impacto econômico com o fim das operações do banco seja de R$ 80 milhões.

A preocupação ronda a economia ao redor do Casp também. Eduardo Palma, proprietário do restaurante Jardim Hayden, conta que cerca de 20% dos seus clientes são funcionários do centro administrativo. “Então fica fácil calcular o tamanho do prejuízo [se o HSBC fechar].”

Escuso – Embora já tivesse presença no Brasil, em 1997 o HSBC dá início a sua atuação no varejo ao adquirir o Bamerindus, em uma transação que até hoje levanta suspeitas. À época, a imprensa noticiou amplamente que o banco britânico acabou lucrando R$ 134 milhões, em valores atuais, na compra.

As dívidas da instituição paranaense, no entanto, que somavam cerca de R$ 7,8 bilhões em valores atuais, foram assumidas pelo governo federal à época por meio do seu Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, o Proer.

Mais recentemente o banco se viu envolvido em um escândalo de evasão de divisas conhecido como SwissLeaks. As estimativas iniciais são de que existem cerca de 8 mil contas secretas, não declaradas, abertas por correntistas brasileiros na sucursal do HSBC em Genebra. O total existente nessas contas pode chegar a perto de R$ 20 bilhões, conforme as investigações em curso.


Rodolfo Wrolli – 20/7/2015 
 
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