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Massacre de Corumbiara representa impunidade

Linha fina
Morte em fazenda de Rondônia de nove trabalhadores sem-terra, dois policiais e uma pessoa não identificada completou 20 anos sem esclarecimento
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São Paulo - A subsede da CUT São Paulo em Osasco realizou no sábado 1º atividade que marca os 20 anos do “massacre de Corumbiara”. Foi em 9 de agosto de 1995, em Rondônia, que ocorreu o conflito onde nove trabalhadores sem-terra, dois policiais e uma pessoa não identificada foram mortos.

O encontro realizado na Igreja Nossa Senhora Aparecida, no bairro Piratininga, lembrou não só as trágicas e violentas mortes dos camponeses, mas também a impunidade do caso que é usado até hoje para exemplificar a deficiência da Justiça brasileira.

Iniciada com uma missa regida pelo Padre Léo, conhecida figura da região, a atividade seguiu para um ato público que contou com a participação do deputado federal Valmir Prascidelli (PT-SP), do deputado estadual Marcos Martins (PT-SP) e dos vereadores petistas de Osasco Mazé Favarão e Aluísio Pinheiro.

Para Prascidelli, a matança na fazenda Santa Elina ilustra como o latifúndio age contra aqueles que lutam para adquirir um espaço e sustento no Brasil. “Esse evento faz com que reflitamos o quão importante é a luta pela reforma agrária, pela distribuição de renda e por uma vida mais digna pra todo mundo.”

Estiveram presentes também João Peres e Gerardo Lazzari, respectivamente jornalista e fotógrafo responsáveis pelo livro Corumbiara, caso enterrado (Editora Elefante), que foi lançado na ocasião. Peres explicou que durante o processo de produção do livro procurou deixar de lado alguns estereótipos como o de herói ou vilão. “Tentei respeitar a heterogeneidade das relações, sem polarizar como certo ou errado, até mesmo porque existem pessoas dentro de cada grupo com envolvimentos diferentes”, esclareceu.

> Jornalista conta história de Corumbiara

Valdir Fernandes, o Tafarel, diretor do Sindicato e coordenador da subsede da CUT em Osasco, lembrou como a central sindical foi a primeira a chegar a Rondônia depois da tragédia, por meio de Vicente da Silva, o Vicentinho, à época presidente da Central. “A CUT foi uma das precursoras da questão do massacre. Damos total apoio a esse evento, assim como ao Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo que tem feito lutas unitárias no estado diante da política de descaso”, disse, ao se referir ao governo Alckmin (PSDB).

Célia Ramos, filha de Adelino Ramos, líder do Movimento Camponês Corumbiara, assassinado em 2011, foi uma das organizadoras do evento junto à CUT. Presidenta do instituto que leva o nome do pai, Célia diz que o encontro traz de volta a lembrança de uma mancha histórica para o Brasil. “Meu pai foi uma pessoa imparcial, mas que fez acontecer a luta pela terra. E hoje temos a proposta de unificação com outros movimentos para que possamos continuar a luta de uma forma serena e organizada” explica.

Representante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro afirmou que o povo precisa erguer a voz, lutar e debater em favor de seus direitos. “Precisamos acreditar que um dia os mortos de ontem nos ajudarão e estarão presentes para glorificarmos a vida de hoje e prepararmos um mundo muito melhor para as futuras gerações”.


CUT/SP - 3/8/2015

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