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Descaso com bancários continua no Santander

Linha fina
Banco ainda não atendeu reivindicações de trabalhadores e clientes, e agência de negócios arrombada há alguns dias e assaltada outras quatro vezes segue sem medidas de segurança
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São Paulo – A saga de uma unidade bancária do Santander na zona sul de São Paulo simboliza o embate travado pelo Sindicato contra as novas agências de negócios, cada vez mais adotadas pelos bancos. O local está paralisado pela entidade desde quarta-feira 29, em protesto contra a falta de segurança, e dirigentes vêm coletando centenas de assinaturas que serão levadas à direção do banco.

Esses novos modelos funcionam sem vigilantes armados e demais medidas contra roubos – o que inclusive é proibido pela lei que regulamenta a segurança nos estabelecimentos financeiros (7.102/83).

Ironicamente, dias depois do início da paralisação, no sábado 1º, o prédio foi invadido por ladrões que arrombaram os caixas eletrônicos e levaram o dinheiro contido nas máquinas. Para tornar o enredo ainda mais surreal, o Santander dispensou os vigilantes armados mesmo depois de o local ter sido assaltado outras quatro vezes nos últimos dois anos.

Para justificar a decisão, a direção do banco alegou que no local não há movimentação de numerário. “Mas será que os bandidos foram avisados?”, questiona a dirigente sindical Wanessa Queiroz. “Sem contar que isso não é verdade, pois dentro dos caixas eletrônicos há dinheiro e eles são abastecidos no interior da agência.”

Com a paralisação, representantes do Santander procuraram o Sindicato com a alegação de que a agência tornou-se mais segura porque o cofre e caixa foram retirados, conta a diretora executiva do Sindicato Maria Rosani. “Isso também não é verdade, tanto que após um mês dessa implantação ela foi roubada mais uma vez, aumentando ainda mais a sensação de vulnerabilidade entre os funcionários e clientes.”

Descaso – Segundo dados do Dieese com base nos balanços dos bancos, Itaú, BB, Bradesco, Caixa e Santander apresentaram lucros de R$ 60,3 bilhões em 2014. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 3,7 bilhões, o que representa média de 6,1% em comparação com os lucros auferidos.

“Os bancos têm de pensar que seu maior patrimônio são as vidas dos trabalhadores e clientes, que são inclusive os responsáveis pelos seus lucros”, afirma Maria Rosani.

“Criar um modelo de agência sem vigilante é uma imensa irresponsabilidade e falta de respeito, por isso vamos continuar com a paralisação até que o Santander atenda às nossas reivindicações, porque nós não iremos permitir que as pessoas trabalhem nessas condições.”

Discriminação – Mas não é só este problema que trazem as novas agências de negócios. Os locais também funcionam sem caixas. “Quando retira esse serviço, os bancos discriminam muitos usuários do sistema financeiro e transferem uma responsabilidade que é deles para supermercados, lotéricas e demais correspondentes bancários”, critica Maria Rosani. “Os bancos tem de ter ciência de que são concessões públicas e por isso têm responsabilidades e deveres, e um deles é atender a todos.”


Rodolfo Wrolli – 5/8/2015
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