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Metalúrgicos da Mercedes revertem demissões

Linha fina
Montadora vai aderir ao Programa de Proteção ao Emprego e trabalhadores terão estabilidade por 9 meses
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São Paulo - Os metalúrgicos da fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista, estiveram na manhã desta segunda-feira 31 em assembleia na portaria da fábrica. A greve teve início no dia 24 de agosto contra as demissões de mais de 1,5 mil funcionários.

Os trabalhadores foram informados, e aprovaram em maioria, que a empresa aderiu ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Cerca de 2 mil  demitidos agora retornarão à Mercedes. O acordo será por nove meses, o que dará uma estabilidade de um ano no emprego.

O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, eleito na sexta-feira 28, durante o 14º Congresso Estadual da CUT, realizado em Águas de Lindóia, inicia sua gestão junto à categoria ameaçada de demissão. “Somos solidários ao trabalho e às negociações que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem feito neste período. Sabemos que, diante das dificuldades em que o país se encontra, a empresa tende a jogar o ônus da crise econômica sobre os ombros dos trabalhadores”.

Ao contrário do cenário atual, Izzo lembra que nos últimos anos houve uma expansão do mercado interno. “As empresas metalúrgicas, principalmente as automobilísticas, nunca venderam tantos caminhões e automóveis. Mas agora, em um momento de desaquecimento da indústria, as empresas querem que os trabalhadores paguem pela crise. Não aceitaremos isso”, afirma.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, afirmou que a proposta retira de cena as demissões. “É para isso que nós lutamos. Foi feito uma resistência numa greve aguerrida nos últimos dias. É uma vitória da CUT, do sindicato e dos trabalhadores da Mercedes-Benz”, ressaltou.

As demissões estavam programadas para a terça  1º. O sindicato fez inúmeras reuniões com a empresa para encontrar uma alternativa. “Com o PPE, a redução da jornada será de 20% e de 10% nos rendimentos, no transporte, plano médico, refeição e mensalidade sindical. É por um período e, no próximo ano, na medida em que o cenário melhore, as coisas retornam ao lugar”, diz o novo secretário Geral da CUT São Paulo, João Cayres.

Segundo Izzo, a entidade que representa a categoria tem discutido em nível federal e estadual o PEE “Sabemos que o sindicato tem buscado soluções práticas para este período de crise e o que queremos é a manutenção dos empregos, sem direitos a menos para os trabalhadores”, conclui.

Cayres recorda que a luta do sindicato pelo PPE remonta a 2011, em um período de pleno emprego. “Queremos uma nova lógica no sistema de mediação de emprego, no sistema público de emprego. Queremos que o PPE seja uma política permanente do Ministério do Trabalho para que possa segurar os empregos em um momento de crise. Não queremos seguro-desemprego, já que se gasta muito mais com ele e mantém os trabalhadores por seis meses, mais sem nenhuma outra garantia. Antes se comemorava aumentar o número de pagamentos, mas o PPE elimina isso porque os trabalhadores continuam empregados e, mesmo com a redução dos seus rendimentos, continuam contribuindo para a Previdência e tendo seu fundo de garantia, vinculado à empresa, com seu plano de saúde”, explica o dirigente.

No final de agosto, em entrevista ao portal do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o coordenador do CSE na Mercedes, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, já havia sinalizado o posicionamento dos trabalhadores. “A mobilização que saiu da Mercedes, e marchou pela Anchieta até a autopeças Rassini, foi uma mostra de que não aceitaremos calados essa e nenhuma outra lógica unilateral de demissão. Vamos lutar por nossos direitos até onde for possível, até a vitória”.


Vanessa Ramos, da CUT - 31/8/2015
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