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Cortejo Afro canta a diversidade

Linha fina
Empurrada pelo canto do grupo Festa da Massa, caminhada pelo centro de São Paulo lembra importância da luta e da cultura do povo negro
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São Paulo – Uma multidão acompanhou o 15º Cortejo Afro, que levou o debate da diversidade e do combate ao racismo pelas ruas do centro de São Paulo na segunda-feira 23. Homenageando o advogado e jornalista negro Luiz Gama e sua mãe, Luiza Mahin, a caminhada foi embalada pelas canções do grupo de percussão Festa da Massa que falavam sobre a cultura e a luta do povo negro. O tradicional cortejo realizado pelo Sindicato é em alusão ao Dia da Consciência Negra, comemorado na sexta-feira 20.

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No trajeto, mais e mais simpatizantes querendo demonstrar seu apoio às lutas propostas pelo ato. Para a estudante de Serviço Social Eliana Cabral, o cortejo lembra a dívida histórica da humanidade para com o povo negro. “As pessoas precisam lembrar-se da história, e apoiar políticas públicas para reparar o que foi feito com os negros”, sugeriu. Já o aposentado Danilo Ceará lembrou que há muito racismo ‘por baixo dos panos’, e que falar sobre isso cotidianamente ajuda a trazer este tema para o debate da sociedade.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, fez a fala de abertura do cortejo e destacou o papel da entidade no combate à discriminação racial, criticando o grande número de casos de preconceito e intolerância noticiados nos últimos meses. “É inadmissível que alguém, em pleno 2015, seja discriminado pela cor da pele, pelo gênero, pela orientação sexual em nossa sociedade”, disse.

Palestra sobre racismo – Antes do cortejo, o Sindicato promoveu uma palestra com o secretário-geral da Associação de Senegaleses em São Paulo e conselheiro para imigração da Prefeitura de São Paulo, Massar Sarr. Ele falou sobre ferramentas para combater o racismo, problema crescente contra os imigrantes africanos na cidade.

“Os negros já conquistaram muitos direitos no Brasil, e estamos aqui lembrando estas conquistas alcançadas, mas há um longo caminho a se percorrer”, afirmou. “A gente encontra racismo em todos os países do mundo, inclusive aqui, e o Brasil precisa fortalecer suas ferramentas institucionais para combater a discriminação. O racismo atrapalha o desenvolvimento do país”, disse o palestrante.

O coordenador do coletivo racial do Sindicato, Júlio César Santos, afirmou que o preconceito dentro do segmento bancário é institucionalizado, e citou dados da federação dos bancos (Fenaban) que apontam apenas 19% dos 450 mil bancários brasileiros como negros ou pardos.

“Há um viés institucional racista para não contratarem negros para atividades laborais em bancos, e estamos trabalhando para mudar essa realidade. Com estudos comprovando esta prática, cobramos das instituições financeiras uma pauta permanente de inclusão de pessoas negras”, afirmou o dirigente.


William De Lucca – 23/11/2015
 
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