Pular para o conteúdo principal

Bancos cortam quase 2 mil vagas em novembro

Linha fina
Setor financeiro segue eliminando postos de trabalho; e quando contratam novos funcionários é com salários mais baixos, o que ajuda a explicar lucro de R$ 54 bilhões para cinco principais bancos só nos primeiros nove meses de 2015
Imagem Destaque

São Paulo – Os bancos seguem com a estratégia de obtenção de lucros promovendo cortes de postos de trabalho e com a rotatividade. É o que revela o cadastro Geral de Empregados e Desempregos (Caged), divulgado na sexta-feira 18.

De janeiro a novembro de 2015 as instituições financeiras extinguiram 8.247 vagas. Só em novembro foram 1.928 postos a menos. Dessas dispensas em novembro, 70% foram sem justa causa, o que evidencia a intensificação do processo de eliminação de empregos. Para efeito de comparação, em agosto esse percentual foi de 47%; em outubro 50%; e em julho, quando os bancos públicos promoveram programas de aposentadoria, apenas 22%.

> País perde 130 mil empregos em novembro 

Rotatividade – E além de lucrar com menos funcionários, os bancos ainda ganham recontratando com salários mais baixos. O Caged revela que os admitidos em novembro ganham em média 64% do que os demitidos no mesmo mês. No acumulado do ano, os ganhos dos contratados representam 56% daquilo que recebiam os dispensados.

A discriminação de gênero também continua, embora tenha diminuído. O salário das mulheres admitidas entre janeiro e novembro de 2015 corresponde a 81% do que ganham os homens contratados no mesmo período. Entre os demitidos essa relação era de 76%. Se for levado em consideração apenas o mês de novembro, o salário das bancárias admitidas representa 76% do que recebem os bancários contratados. Já entre os dispensados, as mulheres recebiam 75% do que seus colegas que foram mandados embora.

E a quantidade de clientes vem aumentando, ao mesmo tempo em que o número de funcionários diminui, o que acentua o quadro de sobrecarga de trabalho, metas abusivas e assédio moral. De acordo com o Banco Central, somados, os cinco maiores bancos possuíam em outubro deste ano 303 milhões de clientes ante 292 milhões no mesmo mês do ano passado. São 11 milhões de correntistas a mais em apenas um ano.

Além das taxas de juros elevadas, todos esses índices explicam os resultados cada vez mais incríveis dos bancos. As cinco principais instituições financeiras que atuam no país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) lucraram R$ 54,3 bilhões nos primeiros nove meses de 2015, aumento de 23,6% em relação ao mesmo período de 2014, quando ganharam R$ 45,2 bilhões.

Marta Soares, diretora executiva do Sindicato, critica a desproporcionalidade entre o que os bancos ganham da população com a cobrança de tarifas e juros e aquilo que retornam para a sociedade.

“Os bancos são concessões públicas e por isso têm o dever de proporcionar contrapartidas sociais, como a diminuição das taxas de juros abusivas que sufocam a sociedade, e a contratação de mais funcionários para atender melhor a população e aliviar a sobrecarga de trabalho, que gera as cobranças exageradas de metas, o assédio moral e o adoecimento.”


Rodolfo Wrolli – 18/12/2015
Atualizada às 14h56 de 21/12/2015

seja socio

Exibindo 1 - 1 de 1