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Mortes no trânsito caem na cidade de São Paulo

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Para Organização Mundial da Saúde, excesso de velocidade é responsável por número maior de acidentes
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São Paulo – O índice de mortes no trânsito subiu nos últimos anos no Brasil, mas a cidade de São Paulo está conseguindo reduzir suas taxas. Atualmente são 8,82 óbitos para cada grupo de 100 mil habitantes na capital paulista. Em 2012 eram 12. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera número aceitável seis ou menos.

Estudo realizado pela Secretaria Municipal de Transportes revela que a quantidade de mortes causadas por acidentes de trânsito nas ruas de São Paulo caiu 30,7 % em outubro de 2015, em comparação com o mesmo mês de 2014. O levantamento registra redução de 101 para 70 vítimas fatais, comparando os dois meses, o que mostra que 31 vidas foram poupadas somente em outubro de 2015.

“O resultado consolida a eficiência de medidas de segurança no trânsito, como redução do limite de velocidade” diz a prefeitura.

> Mortes no trânsito de SP caíram 50% em setembro
 
Para o professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília Paulo César Marques, a redução do limite de velocidade é apenas um dos fatores que explicam a diminuição do número de mortes.

“A destinação de espaços para circulação de transporte coletivo por meio dos corredores de ônibus significa atender mais pessoas com menos veículos. Se trocar 50 carros por um ônibus, são 50 oportunidades a menos de ocorrências de atropelamentos. E a implantação de ciclovias ajuda a humanizar o trânsito e estimula um comportamento mais seguro, mais cuidadoso, da população de um modo geral. É um trabalho quase subliminar.”

A pesquisa também aponta para uma diminuição de 21,2% no número de mortes em acidentes de trânsito na capital entre janeiro e outubro de 2015, em comparação com o mesmo período de 2014. A queda neste caso foi de 1.052 para 829 vítimas fatais, redução de 223 mortes.

Vida no trânsito – A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que São Paulo integra o Projeto Vida no Trânsito, programa internacional focado na redução das mortes e lesões graves no trânsito a partir da qualificação da informação; de ações planejadas, desenvolvidas e executadas entre diversas esferas de poder; além da ênfase no combate a dois fatores de risco: direção sob efeito de bebida alcoólica e velocidades incompatíveis.

“Essa metodologia não é só uma planilha sofisticada. Ela orienta e dá subsídios de como os órgãos envolvidos com o trânsito devem fazer planejamento, controlar os dados e promover ações que resultem em mais segurança”, explica o engenheiro e especialista em mobilidade urbana Celso Alves Mariano.

Em Curitiba, por exemplo, desde 2010 o número de mortes no trânsito caiu 30,6%. Em Belo Horizonte houve redução de 19,12% nas mortes no trânsito nos últimos seis meses de 2015 em relação ao mesmo período de 2014. Ambas as cidades também integram o Projeto Vida no Trânsito.

Em países da Europa que adotaram o programa igualmente houve drástica redução. Segundo Mariano, em Portugal a taxa caiu de 26 mortos a cada 100 mil habitantes nos anos 1980 para seis mortos, e mesmo no Reino Unido, a já baixa taxa de oito mortos caiu para 4.

O projeto Vida no Trânsito integra uma ação global denominada Road Safety in 10 Countries (RS 10), coordenada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e da ONG Bloomberg Philanthropies. A Organização das Nações Unidas proclamou o período de 2011 a 2020 como a Década de Ações para a Segurança no Trânsito. A resolução foi elaborada com base em estudos da OMS que estimou, em 2009, cerca de 1,3 milhões de mortes por acidente de trânsito em 178 países.

Relatório da OMS divulgado em outubro considera que o Brasil, de modo geral, tem leis adequadas de trânsito, exceto aquelas com relação a limites de velocidade. Muitas cidades do país têm vias urbanas com limite de 80 km/h, mas a OMS só considera seguras vias urbanas com limite de 50 km/h. O excesso de velocidade é apontado pelo órgão como um dos fatores de risco para acidentes graves e mortes. Outros são condução sob o efeito de álcool, falta do uso de capacetes pelos motociclistas e de cintos de segurança e equipamentos de retenção de crianças.  

“Cada órgão de trânsito ou cada cidade ou estado utilizam parâmetros diferentes, então é muito difícil comparar qual capital mais violenta do Brasil, porque as metodologias não conversam entre si”, critica Mariano. “A metodologia [do projeto Vida no Trânsito] é muito fácil de aplicar, o problema é suplantar questões políticas, porque no Brasil é difícil fazer um comandante da Polícia Militar sentar para discutir com um técnico da secretaria de saúde a análise de acidentes nos últimos 60 dias.”

Brasil – Em nível nacional, a taxa de mortes no trânsito subiu desde 2003, de 18,7 para 23,4 em 2013, tornando-se o quarto país do mundo em número absoluto de óbitos relacionados ao tráfego de veículos e se aproximando do índice verificado na África – o continente com a taxa mais alta (26,6). Em 2013, foram 41 mil mortes, de acordo com a OMS.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil chegou a registrar, em 1997, 22,5 mortes por 100 mil habitantes. No ano seguinte foi promulgado um código de trânsito mais rígido, e nos quatro anos seguintes houve redução no número de óbitos, chegando a 17,1 por 100 mil habitantes. Em 2001 teve início uma nova escalada até chegar mais uma vez ao índice de 22,5 em 2013.


Rodolfo Wrolli – 2/2/2016
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