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O Pinto do Visconde abriu carnaval de rua em SP

Linha fina
Iniciativa organizada pela CUT São Paulo reuniu neste ano mais de 200 pessoas no bairro do Brás
Imagem Destaque
São Paulo - Folia não tem idade e irreverência não tem fronteiras. Assim foi a saída do bloco ‘O Pinto do Visconde’ na sexta-feira 29, no bairro do Brás, centro paulistano, no primeiro dia de folia do Carnaval de rua na cidade de São Paulo, que contará com 355 blocos desfilando até o dia 14 de fevereiro, em diferentes bairros da capital paulista.

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Bonecão fantasiado, bateria de escola de samba, camisetas do bloco customizadas para combinar com cada estilo, mascarados, personagens de carnaval e personagens da vida comum. Cada folião ou foliã demonstrou que não há nada mais democrático do que o jeito de se vestir e de se divertir.

O festejo contou com a presença de moradores da região, movimentos sociais, como o de moradia, funcionários e dirigentes sindicais cutistas e, até mesmo, grupo de teatro da cidade de Poá, da zona leste de São Paulo. Todos comemoraram o aniversário de sete anos do bloco e sua entrada no calendário oficial do Carnaval de rua da cidade de São Paulo.

A iniciativa, organizada pelo Coletivo de Cultura da CUT São Paulo e com apoio da CUT Nacional e demais parceiros, reuniu neste ano mais de 200 pessoas. “O Carnaval é a expressão maior do povo brasileiro e a rua é o espaço onde podemos reivindicar cultura popular, arte e democracia”, disse o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo.

Vida em comunidade - Moradora do Brás, Clecinara Miguel, grávida, estava com o marido e o filho de 1 ano e meio, que assistiu de perto ao carnaval pela primeira vez. É o terceiro ano que participam dos festejos de ‘O Pinto do Visconde’. “Vivemos num bairro que, apesar de ser central e próximo ao metrô, tem ruas escuras, pouca opção de comércio e é perigoso. E o bloco traz diversão, é um local onde podemos trazer nossos filhos”, relatou.

Para o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, o bloco é a oportunidade de entrelaçar ainda mais a relação com a comunidade do Brás. “A vida é tão dura, tão difícil, e aqui a gente consegue trazer para o carnaval paulistano uma manifestação cultural espontânea”.

A jovem Pamella Carmo, do Núcleo Teatral Opereta, participou do festejo ao lado de colegas da companhia. “O Carnaval é do povo e as pessoas precisam se divertir gratuitamente”, afirmou a atriz, ao se referir à atividade promovida pela Central.

Um dos funcionários mais antigos da CUT, que fez parte da construção da Central há mais de 30 anos, Gilmar Burgani, participou da folia. “O Carnaval é uma festa popular, mas que traz por trás disso uma questão política, sociológica, já que o sistema capitalista permeia as relações. Pra além do festejo, não podemos esquecer que temos um ano de conjuntura difícil”, lembra.

Poder público - Agentes de trânsito trabalharam na saída do bloco. A gestão municipal forneceu limpeza e banheiros químicos à disposição dos foliões. Segundo a prefeitura, os blocos contarão com 4.000 promotores de venda/ambulantes vendendo água, cerveja e refrigerante até o dia 14 deste mês.

Ricardo de Oliveira é professor estadual de Biologia, mas, para completar a renda familiar, ele se cadastrou no programa da Prefeitura de São Paulo. “Vi o anúncio na televisão e fui atrás. Foi uma boa oportunidade que o município nos deu”, avaliou, entre uma venda e outra.

Os convocados para trabalhar nos blocos participaram de formação sobre legislação, condutas e obrigações. Receberam, ainda, crachás com identificação e isopor para conservar os produtos.

Bloco Popular - Durante a caminhada, a secretária de Comunicação da CUT São Paulo, Adriana Magalhães, aproveitou o momento para lembrar daqueles que não puderam estar presentes, seja por conta do tempo ou por cuidados com a saúde, como é o caso da secretária de Formação da CUT São Paulo, Telma Victor, que há anos canta no bloco.

A funcionária da Secretaria de Saúde do Trabalhador da CUT/SP, Sandra Carvalho, saiu como baiana neste ano. A coroação do Rei Momo foi dada a Antônio Marcos Dascanio, o Dasca, da Secretaria de Organização Sindical da CUT Estadual, e a faixa de madrinha foi entregue à Magali de Maio, comerciante antiga do Brás.

E, ao contrário dos anos anteriores, neste ano não choveu. Os participantes percorreram as ruas do bairro com samba no pé e, ainda, interagiram com a população em situação de rua, que mora debaixo dos viadutos.

Moradores acenavam das janelas dos prédios e muitos desciam para ver a comemoração. Um carro de som acompanhava a festa popular. Ao retornarem ao ponto de partida, ao final, o secretário nacional de Comunicação da CUT, Admirson Medeiros Ferro Junior, o Greg, sorteou inúmeras sombrinhas de frevo, de sua terra natal, Recife, como prova de que o Carnaval só começou.


Vanessa Ramos, da CUT São Paulo - 3/2/2016
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