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Falta de democracia marca assembleia da Cabesp

Linha fina
Em uma deliberação para lá de esvaziada, repetiu-se procedimentos questionados pelos trabalhadores
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São Paulo - Quem foi até o Esporte Clube Banespa no sábado 2, na assembleia da Cabesp, testemunhou cenas de causar indignação. A começar pela atitude antidemocrática do presidente da caixa, Eduardo Prupest, em mandar cortar o microfone em que o diretor da Afubesp Wagner Cabanal apresentava suas perguntas sobre a condução da prestação de contas.

Na sua vez de falar, o presidente da Afubesp, Camilo Fernandes, exigiu que a postura desequilibrada de Prupest fosse registrada na ata, pois agir com sensatez é, no mínimo, o que se espera de alguém que dirige um fórum de tamanha importância para os banespianos.

Não é de hoje que falta democracia no comando da assembleia da Cabesp. Um exemplo grave, que se repete ano após ano, é a identificação das cédulas, que acabam por intimidar as pessoas e podem levá-las a se absterem. Outro exemplo é abrir para votação antes dos oradores fazerem uso da palavra, o que leva os colegas a votarem sem ouvir considerações que costumam esclarecer pontos da prestação de contas e ajudam os associados a se decidirem com consciência.

Além de vivenciar tudo isso, mais uma vez, quem esteve na assembleia viu muitas cadeiras vazias. Para se ter uma ideia, de um universo de 21.823, pouco mais de 761 votos foram registrados, muitos deles por procuração.

O porquê da ausência massiva dos colegas pode ser explicado pelo não envio da carta circular de convocação às residências dos associados, prática que era adotada desde a fundação da entidade e que assegurava que a informação chegasse a cada beneficiário.

Fato é que a ausência de convocação fere o Estatuto da Cabesp, que diz em seu Capítulo VII, seção II, Artigo 31: "A convocação da Assembleia Geral Ordinária será feita pela Presidência da Caixa, com antecedência de 30 (trinta) dias, mediante carta circular expedida aos associados, na qual se mencionarão, ainda que sumariamente, a ordem do dia, local, dia e hora da reunião."

Sobre esse assunto, Cabanal questionou o presidente da Cabesp, que justificou a mudança repentina ao alto custo de envio da carta e supôs que "todos já sabem que nesta época do ano tem assembleia".

Para o dirigente da Afubesp, há um claro intuito em esvaziar as assembleias. "Sem a participação massiva dos associados, fica mais fácil para o banco tomar conta depois", analisa.

Vale também destacar a ausência dos integrantes eleitos e também do indicado pela Afabesp no Conselho Fiscal justamente no fórum que é da alçada do colegiado.

Com quase cinco décadas de história e um patrimônio sólido, a Cabesp deveria voltar-se aos seus associados com respeito ao Estatuto e prezando a transparência. E, por outro lado, também deveria ser alvo das atenções de seus beneficiários. Para o presidente da Afubesp, Camilo Fernandes, Prupest age como se fosse dono da Cabesp quando ela é, na verdade, dos associados. "Lamentável que os verdadeiros donos em sua maioria não sabem o que se passa dentro da própria entidade e não puderam ir até à assembleia para defendê-la", rechaça.

Números da assembleia - Assembleia contou com a presença 81 procuradores, representando 551 outorgantes, e 129 presenças individuais, somando 761 votos possíveis. Esse número representa menos de 3,5% do universo de associados.

As contas do exercício 2015 e a previsão orçamentária para 2016 foram aprovadas com 674 votos, 52 em branco, 3 nulos e 1 contra. Os dados são da Cabesp.


Afubesp - 11/4/2016

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