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Governo Serra investigado por indenizar PCC

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Promotores já identificaram pelo menos dez beneficiados que são acusados e têm passagens pela polícia por crimes como roubo, furto e tráfico de drogas
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São Paulo – Governos tucanos de São Paulo estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual por terem pago indenizações a criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo informações do O Estado de S. Paulo.

As indenizações teriam sido pagas pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) via programa de reassentamento das obras do Trecho Sul do Rodoanel e do prolongamento da Avenida Jacu-Pêssego, na Grande São Paulo. Ambas foram finalizadas em 2010, no governo José Serra (PSDB) ao custo de R$ 7 bilhões. Nos últimos seis meses de mandato Serra largou o cargo para se candidatar à presidência da República e foi substituido pelo então vice Alberto Goldman (PSDB).

Os promotores já identificaram pelo menos dez indenizados que são acusados e têm passagens pela polícia por roubo, furto e tráfico de drogas

A investigação teve origem nos depoimentos da ex-funcionária Mércia Ferreira Gomes que fechou acordo de delação premiada com o MPE. Segundo ela, “a bandidagem que domina a área começou a fazer ameaças e, para possibilitar que o pessoal da empresa contratada pela Dersa fizesse seus trabalhos, se deveria pagar algum valor para a criminalidade”, disse à reportagem do Estadão. “A maioria dos bandidos recebia valores na Dersa e comparecia armada.”

De acordo com Mércia, as indenizações variavam de R$ 1,6 mil a R$ 250 mil e chegaram a ser pagas até três vezes a uma mesma pessoa. Ela afirma que os pagamentos foram autorizados pelo ex-diretor de Engenharia da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que também nega o fato. As informações foram prestadas ao MPE em abril de 2015 e ratificadas em recente depoimento prestado por ela, após fechar o acordo de delação premiada.

O ex-diretor do Departamento de Assentamento da Dersa Geraldo Casas Vilela disse, ao ser ouvido em 2015, que a empresa recebeu uma carta atribuída ao PCC com ameaças caso as remoções das famílias prosseguissem. “Diversas foram as dificuldades encontradas nesses processos de pagamento, sobretudo porque as áreas geralmente eram dominadas por pessoas ligadas a atividades criminosas.”

Mércia é investigada por ter incluído ilegalmente 16 pessoas ligadas a ela no cadastro de reassentamento das obras e desviado R$ 813 mil de indenizações. Ao MPE, no dia 9 deste mês, disse que fez isso a mando de Vilela e de Paulo Preto, para pagar pessoas que moravam na favela e não tinham documentos para o cadastro. Ambos negam as acusações. Segundo Mércia, nenhum parente seu ficou com o dinheiro.

Os três e uma filha de Paulo Preto também foram denunciados por incluir ilegalmente o nome de seis pessoas ligadas ao diretor na lista de indenizados com apartamentos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), no valor total de R$ 374 mil. Na lista de beneficiários estão três babás, duas empregadas e um funcionário que trabalhava para a família dele, que nega irregularidades.


Redação, com informações de O Estado de S Paulo - 24/5/2016
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