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Quem ganha mais deve pagar mais!

Linha fina
Pesquisa Ipsos mostra que 77% dos brasileiros acham justo que pessoas com maiores salários paguem mais impostos; dado corrobora necessidade de reforma tributária e não de aumento de taxas
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São Paulo – Para 77% dos brasileiros é justo cobrar mais impostos de quem tem salários maiores e menos de quem possui remuneração menor. Essa foi a principal conclusão da pesquisa Pulso Brasil, monitoramento mensal do Instituto Ipsos sobre indicadores políticos, econômicos e sociais. O levantamento refere-se ao mês de maio, feito em parceria com a Associação Comercial de São Paulo, aponta que entre pessoas da classe AB, 68% consideram a proposta justa, 80% na classe C e 82% na DE.

Para 88% dos entrevistados, o brasileiro paga muitos impostos e o dinheiro não é investido na melhoria de escolas, creches, hospitais e estradas. A insatisfação é maior na região Norte (95%), seguida pelo Sul (93%) e Centro-Oeste (89%). Nordeste e Sudeste empatam com 86%.

Na conta dos mais pobres – Apesar dos dados da pequisa, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem afirmado não descartar, além de um amplo processo de privatizações, o aumento de tributos para tentar retomar o crescimento da economia. As notícias dão conta que um dos “remédios amargos” do governo interino de Michel Temer é o aumento da Cide e do PIS/Cofins, tributos indiretos que incidem sobre consumo e possuem caráter regressivo. Ou seja, quanto mais pobre o contribuinte, mais ele vai pagar.

Para o economista e professor da Unicamp Eduardo Fagnani, ao invés de elevar impostos indiretos, prejudicando a maior parte da população, seria mais efetivo resgatar a taxação sobre lucros e dividendos, extinta por FHC em 1995. “Se você quiser enfrentar a questão de uma forma correta, basta taxar lucros e dividendos, pois o Brasil é um dos únicos países no mundo que não taxam esses rendimentos. Mas por que não se faz isso? É porque quem paga a conta são os ricos.”

Reforma tributária – A percepção da maioria da população sobre a necessidade de um sistema progressivo de cobrança de impostos – onde os que ganham mais, paguem mais – reforça a importância de uma reforma tributária.

Em junho de 2015, o Sindicato promoveu um grande seminário sobre o tema.  Um dos palestrantes, o auditor da Receita Federal Paulo Gil, alertou para o fato de o Brasil taxar, sobretudo, o consumo (56%) e a renda do trabalho (29,2%), enquanto outras fontes tributáveis como heranças, propriedades e renda do capital, típicas das parcelas mais ricas, são responsáveis por apenas 4,2% de toda a arrecadação.

> Seminário lança cartilha sobre reforma tributária

Além disso, o auditor ressaltou que, mesmo quando se tributa a renda, o sistema de alíquotas favorece os mais ricos. Atualmente existem quatro alíquotas de imposto, descontadas diretamente da folha salarial, entre 7,5% e 27,5%. O sistema recolhe essa última porcentagem de quem recebe ao menos R$ 4.463,81 ou de quem ganha, por exemplo, R$ 500 mil por mês, ao invés de aplicar alíquotas progressivas (quem ganha mais paga mais). “Nesse sentido a classe dominante obteve sucesso ideológico notável porque conseguiu convencer a sociedade brasileira a manter esse quadro de injustiça”, avalia.  

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Para apresentar alternativas no debate sobre as distorções do sistema tributário brasileiro, o Sindicato lançou durante o seminário a cartilha Uma reforma tributária para melhorar a vida do trabalhador (cique aqui para baixar a cartilha).


Felipe Rousselet – 8/7/2016
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