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Protesto nacional cobra seriedade das financeiras

Linha fina
Representantes dos trabalhadores deflagram manifestações em todo o país para pressionar empresas de crédito a apresentarem reajuste salarial digno e condizente com o lucro do setor; terça 23 tem negociação
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São Paulo – Em 2015, o setor financiário cresceu 20% em relação ao ano anterior, apresentando lucro de R$ 3,8 bilhões. Mesmo diante do resultado expressivo, as financeiras recusam-se a conceder aos seus trabalhadores reajuste salarial que sequer cubra o índice de inflação do período.

Diante da postura avarenta, o movimento sindical deflagrou nesta segunda-feira 22, Dia Nacional de Luta para pressionar o patronato a apresentar proposta digna na mesa de negociação. Na terça-feira 23 ocorre a terceira rodada.

Na anterior, em 2 de agosto, os representantes das financeiras apresentaram proposta de reajuste de 7,86% para as cláusulas econômicas (correspondente a 80% do INPC de 9,83%, referente a junho/2016). O índice está muito abaixo dos 15,82% reivindicados - reposição da inflação, mais 5% de aumento de real –, e foi rejeitado pelos representantes dos trabalhadores na própria mesa de negociação.

> Financiários rejeitam proposta da Fenacrefi
> Página traz todas as negociações e resumo da pauta

O Dia Nacional de Luta, na base do Sindicato, concentrou-se em frente à Crefisa. Dirigentes sindicais distribuíram material informativo (clique aqui) denunciando uma série de descalabros perpetrados pela empresa e frisaram a postura das financeiras na mesa de negociação.  

A Crefisa é emblemática por diversas razões. Recusa-se a participar das negociações junto a Fenacrefi, federação que representa as financeiras. É de longe a mais lucrativa do setor. Seu lucro subiu 44%, para R$ 1,1 bilhão em 2015, e a receita avançou nada menos que 53%, chegando a R$ 3,1 bilhões.

Apenas no primeiro semestre de 2015, lucrou R$ 497 milhões. A segunda colocada, a Midway- Riachuelo, teve lucro líquido de R$ 132 milhões no mesmo período, resultado quatro vezes menor. A taxa exorbitante de juros cobrada da população ajuda a explicar em parte o resultado tão positivo: 782% ao ano, ante a média de 113% do mercado, de acordo com o Banco Central.

Outro motivo é a terceirização ilegal da atividade principal, como explicitou o material distribuído à população em frente a sede da empresa durante o ato: “A Crefisa é a financeira que mais lucra no Brasil, apesar de ter apenas 150 funcionários. A mágica só é possível porque a empresa se utiliza de uma prática fraudulenta que burla as leis trabalhistas: a famosa terceirização da atividade fim, que é proibida pela súmula 331 da Justiça do Trabalho.”

“Ganhar dinheiro com a desinformação e o desespero é o hábito da Crefisa. Cobra a maior taxa de juros do mercado, contribuindo para um endividamento ainda maior das pessoas. Na questão da fraude trabalhista, aposta que nunca será incomodada pelos trabalhadores que desconhecem seus direitos”, continua o material.

Segundo estudo do Dieese, o trabalhador terceirizado ganha em média 27% menos que um contratado direto. No setor financeiro, um terceirizado chega a ganhar até 70% menos que um colega contratado direto.

“As financeiras têm espaço para oferecer reajuste acima da inflação”, afirma Jair Alves, dirigente sindical que participa das negociações. “Se na rodada de amanhã [terça 23] os representantes patronais continuarem com a postura intransigente, vamos seguir percorrendo todas as financeiras para discutir a campanha salarial e esclarecer os terceirizados que eles podem entrar com processo na justiça trabalhista para requerer seus direitos, porque não há uma financiária sequer que não se utilize da terceirização ilegal”, acrescenta o dirigente.


Rodolfo Wrolli – 22/8/2016 
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