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Países desenvolvidos estudam adotar renda social

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Com trabalho ameaçado por tecnologia e financeirização, algumas nações utilizam medidas como dias de folga e programas de renda mínima; Brasil do governo interino vai na contramão, alerta economista durante congresso internacional
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São Paulo – A deterioração da indústria, diante do poder do capital financeiro especulativo, e o avanço da tecnologia e da automação ameaçam, de forma cada vez mais acelerada, o trabalho produtivo. O alerta é do economista e professor da Unicamp Luiz Gonzaga Beluzzo. Diante desse quadro, segundo Beluzzo, países desenvolvidos como Suíça e Holanda, já estudam medidas como redução da jornada de trabalho e adoção de programas de renda social destinados à parcela da população que não será absorvida pelo mercado de trabalho.  

“Essa desvalorização do trabalho no capitalismo hoje é tão óbvia e chocante que despertou até mesmo a atenção de setores conservadores. A The Economist, por exemplo, que é uma revista conservadora, uns três números atrás publicou um artigo em que defende a criação de uma renda básica, nos moldes do que sempre defendeu Eduardo Suplicy”, conta o economista.

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Berluzzo foi um dos palestrantes do IV Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde. Promovido pela Alal (Associação Latino-Americana de Advogados Laboralistas), o evento começou na segunda-feira 22 e vai até sexta 26. Confira a programação aqui

Ponte para o passado – O economista, que falou sobre “novos problemas e riscos no mundo do trabalho”, destacou que o Brasil governado interinamente por Michel Temer caminha na contramão dessas soluções. “Estamos vivendo uma ponte para o passado”, disse, referindo-se ao programa de governo de Temer, intitulado Ponte para o Futuro. “Estamos diante de um período que vai exigir se repensar as relações de trabalho. Mas hoje no Brasil estão querendo terceirizar, e conhecendo as coisas como são por aqui, vão fazer uma coisa bem selvagem, então a gente precisa estar de olho”, disse.

Beluzzo destacou o que ocorre nos Estados Unidos como um exemplo desse fenômeno que é global. “Estima-se que em 2020, ou seja, daqui a quatro anos, 45% dos empregos nos Estados Unidos serão precários.” Diante desse quadro, segundo o professor, só há um caminho a tomar: o da ação coletiva e política. “Não se pode pensar em programas sociais, em saúde e em educação como coisas que não cabem no orçamento. E, por outro lado, gastar fortunas com juros da dívida pública. Mas não se discute o quanto o país gasta com juros. Se esconde isso. É importante que isso chegue à consciência das pessoas”, criticou.

PEC 241 – O Sindicato é uma das entidades que apoiam o evento. O secretário de Saúde da entidade, Dionísio Reis, destaca que avanços sociais dos últimos 13 anos estão ameaçados e exemplifica. “A PEC 241/2016 é um golpe dentro do golpe. Ela prevê, em 20 anos, a redução do orçamento em Saúde e em Educação. É mais um exemplo do que está por vir caso o governo interino se confirme no poder”, alerta.

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Andréa Ponte Souza – 22/8/2016
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