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Itaú está passando o facão em setor do CAT

Linha fina
Banco que lucrou R$ 16 bilhões só nos primeiros nove meses do ano já demitiu mais de 20, muitos deles no período de retorno após afastamento por doença ocupacional; bancários denunciam ambiente de medo e desrespeito na área
Imagem Destaque
Rodolfo Wrolli, Spbancários
7/12/2016


São Paulo – O Itaú está passando o facão no setor DWS, antigo DSMC, localizado no Centro Administrativo Tatuapé (CAT). Já foram mais de 20 demissões só na semana passada. O banco que lucrou R$ 16 bilhões só nos primeiros nove meses de 2016 eliminou mais de 1,7 mil postos de trabalho no mesmo período. Em 12 meses (setembro de 2015 a setembro de 2016), são 2.753 vagas a menos na instituição.

E o respeito passa longe da forma como o Itaú anda demitindo esses funcionários.  “Estão tratando as pessoas como animais”, protesta um bancário recém-demitido. “Todos dentro da gerência acabam absorvendo as atividades uns dos outros. E aí os gestores dizem: ‘se você não faz, o outro sabe fazer, já tem um treinado para tomar o seu lugar e eu posso te cortar a qualquer momento’. Não te dão valor nenhum. O funcionário é só um número”, denuncia.

Ele conta que o ambiente no setor é terrível e todos estão com medo de demissão.  “A gente até compreende que tenha demissões em outros setores da economia, porque estão enfrentando dificuldades por causa da crise, agora o Itaú não tem justificativa nenhuma para demitir, porque bate lucro ano após ano. Estão demitindo pessoas que performam [entregam as metas]. Eu tenho filha de três anos, meu colega demitido tem filha de dois anos, todo mundo tem conta para pagar, e o banco nem deu a chance de tentar realocação em outra área”, desabafa.

E não é só isso. Muitos dos dispensados ainda se encontravam no período de retorno ao trabalho após afastamento por doença ocupacional. “Ou seja, o bancário fica doente por causa do ambiente massacrante de trabalho que o assedia moralmente para o cumprimento de metas abusivas, tem de se afastar e, quando volta, é demitido”, critica Sergio Lopes, o Serginho.

Os cortes ainda durante o programa de retorno ao trabalho acabam prejudicando o trabalho dos médicos que tem a finalidade de dar condições para que os bancários possam reassumir suas funções.  “Esse acompanhamento deveria ser respeitado, mas ao invés de ajudar na recuperação do trabalhador, o Itaú coloca em risco a saúde deles quando os demite em um momento de fragilidade”, afirma Serginho.

Cobrado pelo Sindicato, o banco respondeu que vai acionar a consultoria de RH e dará um retorno sobre a situação.

“Queremos o fim das demissões e que o programa de reabilitação seja respeitado para que os bancários que se afastaram por doença ocupacional possam se recuperar das sequelas adquiridas no próprio ambiente de trabalho degradante imposto pela politica de gestão do Itaú que exige entrega de resultados acima de tudo”, afirma Serginho. 
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