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Boulos foi preso em desocupação violenta em SP

Linha fina
Alegação da PM de que participação do coordenador do MTST em outros protestos influencia prisão revela caráter político; Sindicato e CUT repudiam arbitrariedade da polícia; Boulos foi liberado por volta das 19h
Imagem Destaque
Redação Spbancarios, com RBA, CUT e G1
17/1/2017 (atualizada às 19h54)


São Paulo – O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) Guilherme Boulos foi detido pela Polícia Militar na manhã desta terça-feira 17, quando tentava uma solução que evitasse o confronto durante ação violenta de reintegração da Ocupação Colonial, na região de São Mateus, zona leste de São Paulo. Boulos foi levado a uma delegacia na zona leste e só foi liberado por volta das 19h, após assinar termo circunstanciado (medida usada para ocorrências de menor potencial ofensivo).

A PM alegou desobediência para justificar a prisão. Também citou a participação de Boulos em atos contra o governo Temer, o que revela o caráter político da detenção.

"Temos horas de filmagens suas de outras manifestações e ocupações e sabemos que você é liderança, você está detido por desacato, obstrução da via, obstrução da justiça e incitação de violência", disse um integrante da Tropa de Choque, em fala colhida pelo coletivo Jornalistas Livres.  Ele foi levado ao 49º DP, onde presta depoimento.  

Em nota, o MTST afirma ser "absurda" a detenção de Boulos, que tentava buscar uma solução que evitasse o conflito. "Foi uma detenção absolutamente ilegal. Ele estava na tentativa de interceder para evitar o conflito. O MTST não tem atuação na região. O Guilherme tentava apenas mediar. Nada mais", diz Felipe Vono, advogado do MTST, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

O Sindicato apoia a luta pela moradia do MTST, repudia a prisão de Boulos e o provável caráter político da detenção, mais um exemplo de atentando ao livre direito de manifestação e à democracia, que tem se tornado frequente no atual momento do país. Em seu site, a CUT também repudiou a prisão: “é um claro sinal da política de repressão de Alckmin e João Dória, que pretendem a partir de agora perseguir os movimentos sociais e de esquerda.”

A ocupação – As cerca de 700 famílias da Ocupação Colonial queriam o adiamento da reintegração para que pudessem ser inscritas em programas de habitação da prefeitura. Uma ação do Ministério Público que também pedia o adiamento foi ignorada pela PM, antes mesmo de ser apreciada pela Justiça.

> PM usa violência em desocupação na zona leste

"Não aceitaremos calados que além de massacrarem o povo da ocupação Colonial, jogando-os nas ruas, ainda querem prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajudá-los", diz o MTST, que também denuncia a perseguição política aos movimentos sociais.

Mais apoio – A bancada do PT na Assembleia Legislativa emitiu nota de repúdio à violência policial determinada pelo governo Alckmin e à prisão arbitrária do líder do MTST. "Além de negar o direito constitucional à moradia, o governo Alckmin patrocina cenas lamentáveis de violência, ataca e despeja nas ruas mais 700 famílias neste momento de recessão e desemprego que assola o país, numa demonstração de insensibilidade com a situação da população carente", diz a nota. O líder da bancada, José Zico, está tentando contato com o governador, enquanto os deputados Alencar Santana e Luiz Turco se dirigem à ocupação.
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