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Governo autoriza Forças Armadas em presídios

Linha fina
Secretários passam o dia reunidos com ministros para discutir alternativas para lidar com as rebeliões em seus estados. Será instalado um comitê emergencial de combate ao crime organizado
Imagem Destaque
Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual
17/1/2017


Brasília – Em um dia marcado por reuniões de integrantes dos três Poderes sobre as recentes rebeliões em presídios e a guerra entre facções criminosas, o Executivo anunciou nesta terça-feira 17 que vai autorizar o uso das Forças Armadas para a realização de vistorias constantes em complexos penitenciários do país em caráter imediato. O porta-voz do governo, o diplomata Alexandre Parola, também anunciou, por volta das 15h, que outras duas ações já foram acordadas entre o Executivo Federal e representantes dos governos estaduais.

A primeira das medidas anunciadas por Parola, com efeitos de médio a longo prazo, foi a criação de uma comissão para estudar uma reforma completa do sistema penitenciário brasileiro.

A segunda medida é a instalação de um comitê, em caráter urgente, formado pelos ministérios da Defesa, da Justiça e o Gabinete de Segurança Institucional para a realização de ações integradas de combate ao crime organizado, daqui por diante.

Desde o início do ano, ocorreram graves rebeliões em presídios nos estados do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte, além de outras manifestações de menor gravidade em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. Os confrontos entre os presos de facções criminosas resultaram em mais de 130 mortes e em fugas de mais de 70 presos.

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Na manhã desta terça foi reiniciada rebelião no presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, ainda sem dados oficiais sobre eventuais novas vítimas. A prisão foi palco de  motim no sábado 14, só contido no domindo 15, e que resultou em 26 presos mortos.

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Críticas – Durante a manhã, secretários estaduais de segurança pública e coordenadores do sistema carcerário se reuniram com os ministros da Justiça, Alexandre de Moraes, da Defesa, Raul Jungmann, e representantes da cúpula da Polícia Federal e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Os secretários foram atualizados sobre o Plano Nacional de Segurança Pública lançado recentemente, fizeram críticas pontuais, relacionadas à situação e realidade de cada estado, e apontaram itens que consideram possíveis de serem adotados em cada estado.  O encontro foi realizado a portas fechadas e suspenso por volta do meio-dia para que os ministros apresentassem a Temer, no Planalto, os primeiros resultados das reuniões.

Uma segunda rodada de reuniões entre ministros e secretários estaduais deve durar até o fim da tarde e a expectativa é que o resultado final desse debate seja divulgado ainda nesta terça 17.

Apesar dos cuidados para evitar vazamento de informações, já se sabe que os secretários fizeram críticas ao governo federal e ao Judiciário. Eles sugeriram, conforme relato de alguns que pediram sigilo de sua identidade, o aumento das chamadas audiências de custódia, bem como a ampliação do trabalho das defensorias públicas nos processos criminais, como formas de reduzir a superlotação nos presídios, uma das principais causas apontadas para as atuais rebeliões.
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