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Ação de despejo escancara repressão do Estado

Linha fina
Prisão de Boulos e truculência empregada pelos policiais militares são criticadas pela Central Única dos Trabalhadores
Imagem Destaque
Igor Carvalho, da CUT
19/1/2017


São Paulo – Ao cumprir a ordem de reintegração de posse da Ocupação Colonial, na Zona Leste paulistana, na manhã de terça-feira 17, a Polícia Militar de São Paulo fez uso de extrema violência contra os moradores do local e prendeu, sem nenhum motivo razoável, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos. A ação evidenciou o tom que tem sido adotado contra os movimentos sociais pelas forças policiais e os mandatários dos governos alinhados ao golpe.

A Justiça de São Paulo expulsou 700 famílias do terreno legitimamente ocupado, já que estava ocioso há mais de 40 anos, e as abandonou à própria sorte, sem qualquer perspectiva. Na quarta-feira 18, quando retiravam seus pertences do local, os moradores contaram que dormiram nas ruas da cidade ou apinhados na casa de familiares. A Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), em nota, afirmou que “disponibiliza às famílias o cadastramento para os programas habitacionais do município através do site da Cohab-SP.”

Os líderes da ocupação tentaram negociar com a prefeitura, mas não houve diálogo. O Ministério Público de São Paulo entrou com um pedido de suspensão da reintegração para que as famílias pudessem ser cadastradas em programas de moradia do município. Porém, o pedido foi ignorado pela Justiça paulista, que manteve a ordem de despejo.

O Sindicato manifestou apoio à luta por moradia do MTST, repudiou a prisão de Boulos e o provável caráter político da detenção.

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Repúdio - Em nota, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) lamentou o episódio e a prisão de Guilherme Boulos. No texto, a entidade criticou a tentativa de intimidação e criminalização dos movimentos sociais. Confira na íntegra:

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) lamenta profundamente a truculência policial durante uma reintegração de posse nesta terça-feira (17/01)na região de São Mateus, Zona Leste da cidade de de São Paulo. A ação da Polícia Militar reforça o caráter de Estado de Exceção em que vivemos no Brasil desde o golpe do impeachment, com constantes desrespeitos e ataques ao direitos básicos dos trabalhadores e trabalhadoras.

A CUT também manifesta indignação pela prisão do companheiro Guilherme Boulos. As acusações absurdas e a privação de liberdade de um líder reconhecido do movimento de moradia é mais uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais, para inviabilizar as lutas e reivindicações populares.

A ação irresponsável da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB), deixou sem destino seguro as 700 famílias que ocupavam um terreno que não cumpria sua função social, pois estava abandonado há 40 anos.

A CUT considera que a prisão de Guilherme Boulos teve como objetivo premeditado de tentar intimidar a classe trabalhadora. E por isso será uma ação fracassada, pois não recuaremos nem faremos concessões aos usurpadores. Seguiremos nas ruas, em intensa luta pela garantia de nossos direitos, em defesa da liberdade de organização e manifestação.
 
Vagner Freitas
Presidente da CUT
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