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Após reunião, CEE orienta mais mobilização na Caixa

Linha fina
Na primeira mesa do ano, debates sobre reestruturação, verticalização, agências digitais e deficitárias e rede de operações deixaram claro que o modelo de gestão visa reduzir mais o papel social do banco
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Contraf-CUT/Fenae, com edição da Redação
26/1/2017


São Paulo - Informações claras sobre a reestruturação, conforme está previsto no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Esta foi uma das principais cobranças da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) durante a primeira reunião do ano com a direção do banco, na terça-feira 24, em Brasília. Os debates sobre reestruturação, verticalização, agências digitais e deficitárias e rede de operações deixaram claro que o modelo de gestão adotado visa reduzir cada vez mais o papel social do banco. Em outras palavras, o desmonte da Caixa está em curso.  

A CEE/Caixa cobrou incisivamente o posicionamento da empresa em relação às notícias veiculadas pela imprensa sobre fechamento de agências e desligamentos de cerca de 10 mil trabalhadores. Os representantes do banco confirmaram que o Conselho Diretor aprovou proposta de Programa de Demissão Voluntária (PDV), que se encontra no Ministério da Fazenda, mas que não há previsão de quando será implantada. Para anunciá-la, a Caixa afirmou que depende da autorização dos órgãos controladores.

Uma coisa é certa: segundo a direção do banco, não haverá reposição dos empregados que saíram do banco no PAA mais recente e nem tampouco daqueles que aderirem ao PDV. A orientação é enxugar o quadro de pessoal.

Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicato e coordenador CEE/Caixa, destaca que diante do posicionamento do banco, a orientação é que os empregados intensifiquem ainda mais as mobilizações contra o corte de postos de trabalho e o desmonte.

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“Essa redução, juntamente com medidas como o fechamento ou enxugamento de unidades supostamente deficitárias, a verticalização do modelo de negócio, mudanças no Plano de Funções de Gratificadas (PFG), têm sido adotadas pela Caixa, sem o debate com as representações dos trabalhadores, e acarretam a precarização nas condições de trabalho e adoecimento, além de comprometer a qualidade do atendimento ao público”, critica o dirigente.

“Além dos ataques à Caixa 100% pública, o banco também deve vender parte da loteria, da Caixa Seguridade e do Caixa Cartões, que são altamente rentáveis. Os bancos privados, por sua vez, estão sedentos pela gestão do FGTS, tão representativo dentro da Caixa, com seu papel social. São temas de total interesse da população, que pode ser amplamente prejudicada. Já temos milhares de adesões ao nosso abaixo-assinado em defesa da Caixa e vamos conseguir mais. A população não pode ser enganada”, alerta Dionísio Reis.

“A preocupação da direção é tornar o banco rentável, sem considerar o seu viés de propulsor do desenvolvimento econômico e social do país”, diz Fabiana Uehara, diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Agências deficitárias - Sobre o fechamento de agências e quais os critérios para considerar uma agência deficitária, devido ao papel social das unidades, a Caixa admite que há estudos a respeito, mas que não há previsão de quando irá ocorrer. O banco disse que está desenvolvendo esforços para recuperar as agências deficitárias, mas não informou quais são as agências e nem os critérios adotados. A comissão de empregados cobrou, mais uma vez, a necessidade de rapidez e transparência nas informações.

Verticalização e agência virtual - Durante a negociação, a Caixa informou que foi modificado o modelo de segmentação dos clientes Pessoa Física, que agora estarão agrupados em 4 carteiras. Três carteiras serão alvo prioritário de relacionamento e uma (chamada de "gente de valor") será voltada para o "atendimento de varejo". Segundo a empresa, foi alterada também a segmentação de Pessoa Jurídica de varejo, ampliando das atuais duas para quatro carteiras.  Quanto à agência digital, a Caixa pretende expandir o modelo-piloto implantado em Goiás para as Superintendências Regionais Rio Sul, Ipiranga, Brasília Norte e Campinas.

RH 184 - A reunião com a Caixa definiu melhorias no RH 184, mas luta pela revisão do normativo continua. Houve alguns avanços em relação aos critérios de descomissionamentos. Foi acatada a proposta formulada no Grupo de Trabalho e mantida a função, pelo menos por 60 dias, a partir do indicativo de descomissionamento. No entanto, a mobilização dos empregados deve continuar para pressionar o banco a rever a versão mais recente do RH 184, que prevê a suspensão de funções sem critérios e outras arbitrariedades da gestão da empresa.

“Deixamos claro para a Caixa que a luta das representações dos trabalhadores é contra o descomissionamento arbitrário e que vamos continuar pressionando a direção para que implante as outras 11 propostas formuladas a partir dos debates com empregados de todo o país, que são fundamentais para combater esse problema”, enfatiza Dionísio Reis.

PSI - Diante do questionamento sobre os diversos problemas gerados pela falta de Processos Seletivos Internos e de transparência, a Caixa afirmou que a orientação atual é que todas as funções sejam providas por PSI, mas não apresentou nada que indique o fim das travas entre áreas e avanço nas abrangências e alegou que os critérios são definidos pelo gestor das unidades.

Avaliadores de Penhor - A CEE/Caixa defendeu um prazo de 180 dias para realizar uma pesquisa com avaliadores de penhor de todo o país sobre as condições nos locais em que realizam suas atividades. Os interlocutores do banco alegaram que o prazo era longo e que só pagariam o adicional por mais 60 dias. Após pressão da Comissão Executiva, eles recuaram e estenderam por 90 dias.

A Caixa vem ameaçando desde julho do ano passado suspender em definitivo o pagamento do adicional alegando que laudos técnicos feitos por empresas contratadas pelo banco atestam que os locais de trabalho dos avaliadores não são mais insalubres. Esta versão foi contestada pelas representações da categoria que conseguiram, na mesa permanente, a prorrogação do adicional até 31 de dezembro de 2016. Em janeiro, por solicitação da CEE\Caixa, o adicional também foi pago.

Caixa Minuto - Em relação à extinção da função de Caixa e a designação de Caixa Minuto não houve avanços. O Grupo de Trabalho sobre o tema ficou sem as respostas que o banco deveria fornecer.

Nas reuniões do GT a Contraf/CUT reforçou a cobrança pelo fim da designação por minuto para os empregados que exercem a função de caixa, ao mesmo tempo que reafirmou a impossibilidade das entidades representativas homologarem contrato de trabalho sobre demanda nos caixas, cujo propósito é a descaracterização da Caixa 100% pública.

“GT ficou sem proposta e isso é um tremendo de um ataque ao papel social da Caixa, precarizando ainda mais ainda o atendimento à população”, afirma o coordenador da CEE/Caixa

Fórum - A Comissão Executiva dos Empregados reivindicou a convocação de uma reunião do Fórum Paritário Nacional sobre Condições de Trabalho, para debater e deliberar sobre a ampliação dos fóruns regionais em todo o país. Este instrumento, fruto da campanha salarial de 2014, está funcionando em algumas bases sindicais. Foi solicitada também a realização de outra reunião do Fórum ampliada com representantes de gestores da área de pessoal de todo o país para debater medidas de combate ao adoecimento mental dos empregados. A Caixa concordou com as duas propostas e ficou de encaminhar a realização desses encontros.

Tesoureiros - Com relação às condições em trabalho, esteve em pauta também a situação dos tesoureiros. Os representantes dos empregados denunciaram que estes trabalhadores estão sendo colocados para o atendimento ao público, o que representa um risco para segurança, porque eles são responsáveis pelo cofre das unidades.

Mensagens Eletrônicas - Outro assunto que gerou protestos por parte dos membros da CEE/Caixa foi o envio de mensagens eletrônicas aos trabalhadores cobrando o cumprimento de metas. Este tipo de procedimento por parte do banco é vedado na cláusula 37 da Convenção Coletiva dos Bancários. Essa mesma cláusula proíbe a divulgação de ranking individual, estratégia que vem sendo adotada pela Caixa através de seus sistemas corporativos. Os representantes do banco se comprometeram a apurar as denúncias e se adequarem ao que está previsto no acordo.

Saúde Caixa - A Caixa informou, na mesa permanente, que a partir de 1º de fevereiro retomará o reembolso de procedimentos odontológicos. O benefício foi suspenso para adequações no sistema. Segundo o banco, houve elevada demanda em 2016, mais de 13 mil concessões, o que gerou demora no atendimento aos pedidos dos usuários do plano de saúde. A empresa prometeu mais celeridade na concessão dos reembolsos.

PLR - A CEE/Caixa cobrou a antecipação do pagamento da segunda parcela da PLR. A empresa alegou que o atendimento dessa reivindicação depende da divulgação dos resultados do banco. Caso isso ocorra até o final de fevereiro, admitiu a possibilidade de efetuar o crédito no início de março. Pelo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), os bancos têm até 31 de março para pagar o benefício.

Promoção por mérito - A CEE/Caixa solcitou informações detalhadas da promoção por mérito 2016 e a realização de uma nova reunião do GT para tratar do assunto. A Caixa informou que está avaliando alguns casos que ficaram pendentes e que poderá haver ajustes em relação aos números divulgados anteriormente. A empresa concordou em agendar a partir da próxima semana a reunião do Grupo de Trabalho para debater a distribuição de deltas em 2016 e a sistemática para 2017.

Incorporações - A Caixa informou que as incorporações de funções não estão suspensas. Segundo a empresa, O SISRH será desativado e a ferramenta para fazer simulações deixará de existir no novo sistema de gestão. As regras podem ser consultadas no normativo RH 151 sobre o assunto.

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