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Bancos têm capacidade para contratar muito mais

Linha fina
De acordo com Dieese, no último ano, ritmo de contratação diminuiu 83%, mesmo com lucros de R$ 50 bilhões dos cinco maiores bancos
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Curitiba – A 13ª Pesquisa de Emprego Bancário apresentada aos trabalhadores reunidos na 14ª Conferência Nacional da categoria comprova: os bancos podem e devem contratar mais.  O estudo foi realizado pela Contraf-CUT e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Durante sua exposição no Painel de Emprego da Conferência, o técnico do Dieese Nelson Karam, reforçou a preocupação crescente com a qualidade do emprego. “Boa parte das campanhas salariais acabam se pautando pela reposição salarial. É claro que isso continua sendo importante, mas agora vemos maior discussão sobre outras questões, como saúde e condições de trabalho e também a questão da qualidade do emprego”, afirmou.

De acordo com a pesquisa, nos últimos anos houve expansão na contratação bancária. Se no início dos anos 1990 eram cerca de 730 mil bancários no país e ao final da década o número caiu para 392 mil, a partir do ano 2000 os empregos voltaram a crescer. Em 2012, a categoria bancária é formada por 508 mil trabalhadores, crescimento de 29% em relação ao final da década de 1990.

Karam ressaltou que esse aumento está muito aquém da capacidade do setor. “Em 2004, os cinco maiores bancos atuantes no Brasil lucraram R$ 18 bilhões. Já em 2011, este lucro pulou para mais de R$ 50 bilhões. A expansão do lucro é muito maior do que o aumento das contratações.”

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Os dados de 2012 mostram que a geração de emprego diminuiu neste ano em relação aos últimos dois anos. No primeiro trimestre de 2012, foram criados cerca de 1.100 postos, o que significa queda de 83% em comparação com a geração de empregos formais no setor, nos últimos anos.

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A pesquisa também aponta  que há concentração de novas vagas nesses cinco maiores bancos que atuam no Brasil, principalmente na região Sudeste, onde estão 61% dos trabalhadores bancários.

Alta rotatividade – Karam destacou a importância de outros dados: aqueles que indicam diminuição no tempo que os bancários mantêm-se no emprego. Em 1995, 46% dos empregados possuíam mais de 10 anos de casa. Em 2010, o percentual passou para apenas 26%. “Isso mostra a alta rotatividade no setor, que tem atingido especialmente os funcionários com mais tempo de banco e, portanto, com salários maiores”, explicou.

A estratégia da rotatividade para diminuição de gastos fica muito clara no setor bancário. “Se compararmos o salário, um bancário contratado chega a receber até 38% menos do que o que ocupava o mesmo cargo anteriormente. É uma média muito superior à dos outros setores, que fica em 7%”, afirmou o técnico do Dieese.

Terceirização – Segundo Nelson Karam, o aumento expressivo de correspondentes bancários contribui com a precarização do emprego. No início do ano 2000, o número de correspondentes era inexpressivo. Em 2010 já eram quase 158 mil e agora, em 2012, já são mais de 300 mil. “São trabalhadores que não possuem representação formal, com direitos limitados”, acentuou.

Jornada – Apesar de ser uma conquista histórica da categoria bancária, a jornada de seis horas diárias, na prática, é amplamente desrespeitada. Metade dos bancários já trabalha entre 31 horas e 40 horas por semana. Em 1995, esse número era de 31%. “Por isso a importância da luta pela redução da jornada, bastante forte no movimento sindical bancário. Temos de lembrar que não é apenas a extensão da jornada, mas também a intensificação, porque o ritmo de trabalho é cada vez mais forte”, salientou Nelson Karam.

Mulheres – Em 1995, a participação da mulher no setor bancário era de 42%. Em 2010, o número aumentou para 48%. No entanto, a desigualdade salarial se acentuou nesse período. Em 1995, a diferença salarial entre homens e mulheres era de 21%. Já em 2010, as mulheres passaram a ganhar em média 24% menos que os homens, exercendo as mesmas funções.

Entre as que foram desligadas, a diferença é ainda maior. A média salarial das bancárias demitidas chega a ser 29% inferior à dos bancários.

Faixa etária e escolaridade – O estudo também nota mudança na faixa etária da categoria nos últimos anos. Houve crescimento no número de bancários na faixa de 40 a 49 anos, de 22% em 1995 para 27% em 2010. E o perfil de escolaridade também mudou: atualmente, 69% dos trabalhadores do setor possuem formação superior completa. Em 1995, apenas 21% chegava ao nível superior.

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Flávia Silveira
Rede de Comunicação dos Bancários - 20/7/2012

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