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Bancários cobram retomada das contratações

Linha fina
Na primeira rodada de negociação da Campanha bancos dizem que bancários não estão preocupados com emprego, apesar da eliminação de postos de trabalho no setor. Nesta quarta, saúde em pauta
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São Paulo - Na primeira rodada de negociação da Campanha Nacional 2012, os representantes dos bancos foram confrontados com os dados apresentados pelo Comando dos Bancários que indicam a drástica redução no nível de contratação do setor. Os debates foram realizados na terça 7. Na quarta 8 será a vez de saúde e condições de trabalho.

> Vídeo: Presidenta Juvandia faz balanço do primeiro dia de negociações
> Bancários adoecidos ficam sem renda

Se no ano passado os bancos geraram 11.978 postos de trabalho no primeiro semestre, em 2012 não passaram dos 2.350. Quando contratam, pagam salário 35,4% menor do que ganhavam os demitidos, já que os bancos fazem uso da rotatividade para aumentar seus lucros.

“Questionamos à Fenaban (federação dos bancos) se essa redução nas contratações é uma tendência no setor. A afirmação foi de que alguns bancos passam por ‘ajuste, uma prática normal de mercado’, ou seja, com diminuição do número de postos. E ainda dizem que os bancários não estão preocupados com emprego, mas nossa pesquisa que ouviu mais de 12 mil trabalhadores prova o contrário”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Essa estratégia dos bancos, de reduzir o número de bancários, precisa ser combatida pela categoria e por toda a sociedade em nome da universalização do atendimento, com serviços de qualidade para todos.”


Para isso, os representantes dos trabalhadores apresentaram reivindicações como a ampliação das contratações, o fim da rotatividade e das terceirizações, além da aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe dispensa imotivada) e do abono assiduidade de cinco dias para todos.

“Queremos melhores condições de trabalho para a categoria que está entre as que mais adoecem. Além disso, a diminuição da geração de emprego em 80,4% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2011, está diretamente ligada ao aumento de 106% de correspondentes bancários no último ano”, destaca Juvandia. “No Itaú foram eliminados 9 mil postos de trabalho e ampliação de 256% de correspondentes em um ano. Os bancos expandem suas atividades e aumentam seus lucros fazendo uso de atendimento precarizado feito por trabalhadores que não têm os direitos garantidos pela Convenção Coletiva da categoria bancária, num ambiente sem as exigências de segurança previstas para as agências. É possível transformar esses correspondentes em postos de atendimento bancário, com a devida proteção para trabalhadores e clientes.”

(leia abaixo detalhes dos pontos debatidos com a Fenaban e comente pelo Boca no Trombone)

Dívida social – Os três maiores bancos privados do país (Itaú, Bradesco e Santander) lucraram mais de R$ 16 bilhões no primeiro semestre de 2012, mas devolveram ao Brasil a eliminação de 4.086 postos. Só o Itaú acabou com 3.777 vagas para trabalhadores nesses seis meses.

Apesar de estarem entre os que mais ganham na economia brasileira, as instituições financeiras também estão entre as que menos criam vagas: somente 0,22% das 1,04 milhão de empregos gerados pelos outros setores da economia nos primeiros seis meses de 2012. “E ainda assim, graças à nossa conquista na Caixa Federal, que prevê mais contratações para este ano. Sem os números da Caixa, a evolução dos empregos nos bancos seria negativa.

Jornada – A jornada de seis horas, uma importante conquista da categoria bancária, vem sendo insistentemente desrespeitada pelos bancos. Se em 1995, 67% dos trabalhadores faziam seis horas, em 2010 (dado mais recente) eram 47%. “Os bancos usam de subterfúgios para alterar a jornada dos trabalhadores, mas isso está errado. A jornada dos bancários é de seis horas porque o desgaste e a sobrecarga é grande. Em vez de contratar mais, os bancos preferem aumentar a jornada, adoecendo seus trabalhadores”, salienta a presidenta do Sindicato.

Taxas – Também foi cobrado da Fenaban taxas de juros menores para os bancários. “Tem de reduzir juros para todos, inclusive para os bancários. Mas hoje tem funcionário de banco pagando mais que cliente. Alguns representantes de bancos afirmaram que todos devem ser tratados como clientes e isso é normal. Rebatemos dizendo que assim o bancário é explorado duas vezes: fazendo o lucro do banco e pagando taxas mais altas. O debate não avançou, mas vamos continuar cobrando que seja uma orientação prevista na CCT da categoria”, relata Juvandia.

Atendimento – Sobre a contratação de mais para melhorar o atendimento a Fenaban ironizou, dizendo que a solução é deixar os clientes na fila por 30 minutos (mencionando a lei das filas de 15 minutos em horários de pico). “Também cobramos respeito aos trabalhadores, lembrando os caixas sobrecarregados e os gerentes obrigados a fazer várias funções para atender os usuários. Mas os bancos insistem em dizer que o bancário não se preocupa com a questão do emprego”, critica a presidenta do Sindicato.

Saúde – Um setor que ganha tanto com a sociedade brasileira, tem obrigação de contratar mais para prestar atendimento melhor, com condições dignas de trabalho para os bancários”, completa Juvandia, lembrando que nesta quarta-feira, as demandas de saúde da categoria estarão na mesa de negociação com a Fenaban. Dentre elas, fim do assédio moral e das metas abusivas, fim da discriminação de funcionários em reabilitação e o cumprimento da NR 17, para que todos tenham direito a intervalos de 10 minutos a cada jornada de 50 minutos em trabalhos.

Leia mais
> Calendário e resultados das negociações


Cláudia Motta - 7/8/2012

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