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Patrimônio negativo de R$ 2,23 bi no Cruzeiro do Sul

Linha fina
FGC fará ajustes para zerar patrimônio e vender banco, e demonstra otimismo com sucesso da operação
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São Paulo – A diretoria do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) está confiante na venda do banco Cruzeiro do Sul. “Tenho absoluta confiança de que haverá comprador”, disse o presidente do FGC, Celso Antunes, durante coletiva de imprensa na qual anunciou inconsistências no balanço do banco, com rombo de R$ 3,1 bilhões e patrimônio líquido negativo de R$ 2,23 bilhões. Além disso, Antunes informou o processo necessário para a venda, que se inicia nesta quarta-feira 15, com apresentação a bancos interessados, e tem prazo até 12 de setembro.

O Cruzeiro do Sul sofreu intervenção do Banco Central em 4 de junho. Depois de constatar insubsistência do ativo da empresa, a autoridade monetária afastou sua diretoria e a colocou sob Regime de Administração Especial Temporária (Raet), nomeando o FGC como administrador. Durante o período de Raet, a instituição continuou funcionando normalmente e o FGC realizou auditoria para apurar as perdas e verificar a possibilidade de venda do banco.

O Sindicato manifestou sua preocupação com o emprego dos bancários em reunião com o FGC, no dia 14 de junho, e em seguida se reuniu com os funcionários. Desde então, a entidade estabeleceu um canal de diálogo com o Fundo e acompanha de perto a situação dos trabalhadores.

> Bancários se encontram com FGC do Cruzeiro do Sul
> Sindicato reúne-se com bancários do Cruzeiro do Sul

O Cruzeiro do Sul tem 750 funcionários e o presidente do FGC disse, durante a coletiva, acreditar na manutenção de seus empregos. “Pelos critérios, o comprador do Cruzeiro do Sul terá de ser uma instituição de grande porte, e um banco desse tamanho não tem 750 funcionários sobrando para colocar em outro lugar. Portanto, acredito que se comprado, os funcionários do Cruzeiro do Sul serão mantidos”, afirmou.

Critérios para a venda – A possibilidade de liquidação do banco, no entanto, não está descartada. Isso porque, antes de ser vendido, o patrimônio líquido negativo (-R$ 2,5) tem de ser zerado. Para isso, o FGC lançou proposta de compra dos títulos dos credores (locais e externos), com deságio de 50% em média. Mas isso só ocorrerá se houver a adesão de 90% dos credores. Os executivos ressaltaram que os títulos garantidos pelo FGC (DPGE e garantias ordinárias) serão pagos integralmente, sem deságio. Para isso, o FGC aportará R$ 810 milhões.

Caso haja adesão desses 90% e, consequentemente, o banco consiga zerar seu patrimônio, ainda assim a venda está condicionada a um comprador que se enquadre nos critérios exigidos: instituições financeiras já em funcionamento no país; com patrimônio líquido mínimo compatível com o porte da operação e superior a R$ 2,5 bilhões; com garantias para o aporte de capital mínimo que deve ser feito em dinheiro (os executivos informaram na coletiva que esse aporte deverá ser de R$ 750 milhões); com inexistência de risco de crédito em operações de reestruturação celebradas anteriormente com o FGC; e que não tenha pendência no BC.

“Estamos muito otimistas, tanto em relação à adesão dos investidores, quanto em relação ao interesse do mercado. Primeiro porque os investidores já estão vendendo seus papéis no mercado com um deságio de 50%. Além disso, se eles não aceitarem vender agora, entrarão na massa falida e receberão sabe-se lá quando e sabe-se lá quanto. Segundo porque o Cruzeiro do Sul, com seu passivo sanado, é um ótimo negócio”, afirmou Celso Antunes.

O diretor executivo do FGC, Antonio Carlos Bueno, ressaltou que com as operações para zerar o patrimônio líquido negativo e com os ajustes a serem feitos, o Cruzeiro do Sul será “uma máquina de fazer dinheiro”. Ele destacou ainda os 499 convênios que a instituição tem com entidades para crédito consignado, que segundo ele são bastante atrativos para o setor.

Entenda – Para sanar o patrimônio líquido passivo do banco, o FGC vai recomprar papéis de credores locais, que detêm R$ 430 milhões, e de credores externos, que somam R$ 3,3 bilhões. Esses títulos serão recomprados com deságio de cerca de 50%, ou seja, o Fundo investirá metade do que valem e se tornará investidor do banco. O FGC cobrirá o passivo de R$ 810 milhões relativo aos papéis da linha DPGE e depósitos de até R$ 70 mil, que são garantidos pelo Fundo. Assim, vai zerar o patrimônio líquido do banco.

Caso o processo de venda não cumpra essa primeira etapa necessária (adesão de 90%) até 12 de setembro, o FGC recomendará ao BC a imediata liquidação do banco.


Andréa Ponte Souza - 15/8/2012

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