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Decretada liquidação do Cruzeiro do Sul

Linha fina
Presidenta do Sindicato ressalta que trabalhadores não podem ser penalizados e que fiscalização do sistema financeiro tem de ser mais rigorosa
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São Paulo – Não surtiu efeito a tentativa de salvar o Banco Cruzeiro do Sul. Após mais de três meses sob regime de administração especial temporária (Raet), o Banco Central e o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – entidade que administrou o banco durante a intervenção – anunciaram a liquidação extrajudicial da instituição, nesta sexta-feira 14.

Preocupado com a situação dos cerca de 750 empregados do banco, o Sindicato acompanhou o processo de intervenção desde o início e chegou a se reunir com BC, FGC e com os trabalhadores do Cruzeiro do Sul. A entidade cobra a garantia dos direitos dos trabalhadores e a manutenção dos empregos nessa fase de liquidação.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, lamenta que as negociações para a venda não tenham dado certo, mas ressalta que o Sistema Financeiro Nacional tem de ser fiscalizado mais de perto. “Trabalhadores e clientes não podem ser penalizados pelas fraudes cometidas pelos altos gestores dos bancos. É preciso que sejam aplicadas as devidas punições nesse caso, e que a atuação dos órgãos de fiscalização e auditorias seja mais rigorosa no país”, afirma.

Processo – Durante o Raet, o FGC realizou balanço que detectou patrimônio líquido negativo de R$ 2,23 bilhões. Em meados de agosto iniciou o processo de venda do banco que tinha como pré-requisitos a adesão de 90% dos credores nacionais e do exterior à proposta de compra de seus títulos pelo FGC com deságio de 50%; e a proposta de um comprador que se encaixasse nos critérios do BC.

De acordo com informações da imprensa, a primeira etapa foi alcançada, mas não apareceu comprador. O único banco que se dispôs a negociar por mais tempo com o Fundo foi o Santander, mas apesar de as negociações terem se estendido até às 3h da madrugada desta sexta, não vingaram. O banco espanhol teria exigido garantias que impediram o acordo.

Em comunicado, o Banco Central informou que os bens dos controladores e ex-administradores do banco continuam indisponíveis. Informou ainda que continuará apurando as responsabilidades e esse processo poderá resultar em medidas punitivas de caráter administrativo.

Irregularidades – O BC determinou o afastamento da antiga diretoria e a instituição do FGC como administrador temporário em 4 de junho, após serem detectadas “insubsistência do ativo da empresa”. Mas os problemas no Cruzeiro do Sul não vêm de hoje. Há quase 20 anos nas mãos da família Índio da Costa, o banco já teve balanços reprovados por auditores e foi alvo de investigações e acusação de desvio de recursos e lavagem de dinheiro.

Conforme reportagens, os problemas teriam começado a aparecer em 2008, quando o banco estreou na bolsa de valores vendendo cerca de R$ 645 milhões em ações, dos quais os Índio da Costa teriam embolsado R$ 150 milhões.

Em setembro daquele mesmo ano, a massa falida do banco Santos entrou com processo judicial contra o Cruzeiro do Sul que teria desviado R$ 206,2 milhões dos credores da instituição.

O Banco Central questionou operações do banco em janeiro de 2010 e no mês seguinte a Comisssão de Valores Mobiliários determinou que o banco republicasse seus balanços de 2008 e 2009 porque não estaria contabilizando os fundos de direitos creditórios que detinha.


Redação - 14/9/2012

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