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Luta contra demissões no Santander continua

Linha fina
Representantes dos trabalhadores procuram reverter cortes de dezembro. Debate com banco é intermediado pelo TRT-SP, que manteve liminar suspendendo as dispensas
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São Paulo - Representantes do Sindicato e do Santander começaram a discutir um possível acordo para as demissões promovidas pelo banco neste mês de dezembro. A negociação, com intermediação do Núcleo de Solução de Conflitos do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (capital e região metropolitana de São Paulo), teve a primeira reunião de conciliação na manhã da quarta-feira 12 e um novo encontro estava previsto para esta sexta-feira 14, mas foi adiado para segunda 17.

Por conta da abertura desse processo de negociação, a audiência no TRT, que ocorreria nessa quarta, foi adiada para terça-feira 18. A liminar concedida pelo TRT a pedido do Sindicato, que suspendeu os desligamentos no banco desde o último dia 6, está mantida. Caso descumpra, o banco espanhol pagará multa diária de R$ 100 mil.

> Sindicato e Santander tentam acordo

Impacto social – A diretora executiva do Sindicato e coordenadora da mesa de negociação com o Santander, Rita Berlofa, explica que nas reuniões de conciliação os representantes dos trabalhadores procuram formas de diminuir ao máximo o impacto social das 440 dispensas na base do Sindicato promovidas às vésperas do Natal, segundo dados fornecidos pelo próprio banco.

“Ficou acordado que o Santander encaminhará informações sobre os demitidos. O Sindicato levantará o perfil desses trabalhadores e entrará em contato com eles para conseguir informações que auxiliem no processo de negociação. A ideia é analisar as demissões caso a caso, com a intenção de reverter o maior número”, informa a dirigente.

“Muitos dos dispensados estavam doentes ou às vésperas da aposentadoria. Isso é uma afronta à dignidade dos trabalhadores, e essa dignidade tem de ser respeitada durante toda vida laboral, do momento em que entra na empresa até a forma como sai. Não é isso que os desempregados do Santander têm relatado.”

Mérito – Rita destaca que o mérito da ação no TRT – se as dispensas podem ou não ser caracterizadas como demissão em massa –, será discutido na audiência da terça 18. “O Santander está sim promovendo desligamentos coletivos em todo o país e em São Paulo, Osasco e região”, reforça. Levantamento feito pelo Sindicato, com base nas homologações agendadas pelo banco de janeiro a novembro de 2012, mostra que a média foi de 77,8 ao mês, número bem menor do que as 440 concentradas em apenas três dias de dezembro.

Luta – Desde que o banco espanhol iniciou o processo de demissões, o Sindicato promoveu protestos em concentrações e agências. E além da ação no TRT de São Paulo, participará, junto com a Contraf-CUT, de reunião com o Santander no Ministério do Trabalho e Emprego nesta quinta 13.

Na quarta 12, a Contraf-CUT debateu o problema no Ministério Público do Trabalho. O MPT solicitou ao Santander informações sobre as demissões efetuadas em todo o país.

A luta também é internacional. Além de moção de repúdio ao Santander Brasil, aprovada em Congresso da UNI Américas, na semana passada, os sindicalistas brasileiros contam com o apoio da UNI Sindicato Global. A entidade encabeça campanha mundial por meio da qual representantes de sindicatos de todo mundo podem mandar carta ao presidente do banco no Brasil, Marcial Portela, e ao presidente do grupo espanhol, Emilio Botín, contestando os cortes no país.

Desabafo dos bancários – Entrevistas com alguns bancários dispensados em dezembro ilustram a realidade de centenas de trabalhadores: “Me informaram que minha demissão aconteceu devido meu tempo de banco e salário. O que me deixou indignado foi o fato de ter recebido em novembro um aumento de 10% no salário e uma mudança de cargo. E tinha elogios pela conduta e trabalho”, relata um funcionário demitido após 26 anos de Banespa/Santander.

“Estou desesperada e sem visão de futuro. Estou a 6 anos de me aposentar e minha vida, que era de cuidar de minha mãe doente, agora virou a de ser cuidada por outras pessoas. Estou no fundo do poço e o que tem no fundo deste poço não é água, é algo muito pior”, desabafa outra trabalhadora demitida após trabalhar 24 anos no Real/Santander.


Andrea Ponte Souza – 13/12/12 (atualizada em 14/12, às 10h40)

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