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BV "prende" funcionário para forçar demissão

Linha fina
Financeira mantém empregado em cárcere privado a fim de obrigá-lo a assinar carta de dispensa. Trabalhador tinha problemas psiquiátricos causados por quatro anos de política de terror da empresa
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São Paulo – A BV Financeira recebeu o prêmio de melhor gestora de pessoas em 2010. Já em 2012, a empresa não deve sequer ter entrado na lista. Isso se deve à política de terror e assédio promovida pelos responsáveis pela instituição com o respaldo da direção do Banco do Brasil, que detém 51% das ações da financeira.

A administração da instituição tem adotado práticas que não respeitam a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e as normas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), inclusive ameaçando trabalhadores e mantendo-os em cárcere privado. A denúncia recebida pelo Sindicato refere-se ao drama de um funcionário em tratamento psiquiátrico que foi mantido em uma sala para que assinasse forçadamente a carta de demissão.

Desde 2007, o trabalhador sofre assédio moral e perseguição. Isolamento, pressão e chacotas passaram a fazer parte da rotina. “Soubemos que chegaram ao cúmulo de transformar fotos pessoais dele e repassar para os e-mails da empresa como forma de zombar e pressionar o funcionário, que já dava sinais de perturbação”, conta a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas.

O tratamento dispensado ao funcionário, segundo a dirigente, fez com que ele iniciasse tratamento psiquiátrico em 2011, com laudo médico atestando nexo causal, ou seja, doença do trabalho. Nesses casos, como explica Raquel, a financeira deveria emitir CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho) com o código B91, que, conforme a lei 6.042, reconhece o auxílio-doença acidentário com direito a estabilidade.

Entretanto, o ambulatório da financeira, responsável pela liberação do documento, não emitiu a CAT por determinação da direção. Pelo contrário, eles mantiveram o funcionário em cárcere para obrigá-lo a assinar a carta de demissão.

“O Sindicato, além de acompanhar o caso, dará todo o suporte ao trabalhador, seja com a emissão da CAT ou com a busca de seus direitos na Justiça”, ressaltou a dirigente, ao orientar os trabalhadores a procurarem o Sindicato em vez de esperar a financeira emitir a documentação necessária.

“O assédio moral está institucionalizado nas práticas da direção da BV Financeira. No Blog Radar Votorantim, espaço onde os funcionários relatam o que acontece na empresa, já se fala em outras situações de ameaças àqueles que não servem mais para a instituição. Por isso, é importante que esses trabalhadores entrem em contato e relatem esses casos para o Sindicato”, alertou Raquel, ao repudiar esse modelo de gestão que retira das pessoas a dignidade e a saúde.

Processos na Justiça – Segundo pesquisa do Conselho Nacional de Justiça, a BV Financeira está na lista das empresas que mais dão trabalho à Justiça no Brasil. No setor privado, a financeira é a líder em processos na Justiça iniciados em 2011, seja como ré ou autora. Em São Paulo, a BV tem 1.661 funcionários e no Brasil, cerca de 4 mil.

Negociação – De acordo com Raquel, a financeira solicitou junto ao Sindicato uma reunião na primeira semana de fevereiro para negociar a renovação do acordo da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), além de outras questões, como um regime alternativo de trabalho e Comissão de Conciliação Voluntária (CCV). “Além de negociarmos essas demandas, levaremos à direção os problemas e as ilegalidades que os trabalhadores estão enfrentando no local de trabalho.”

Os trabalhadores podem enviar denúncias através do e-mail [email protected] ou pelo 3188-5209.


Tatiana Melim – 9/1/2013

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