Pular para o conteúdo principal

Bancos não levam mesa de saúde a sério

Linha fina
Bancários cobraram fim da pressão por metas que adoece e deteriora rotina, mas bancos só dizem “não”. Nos dias 15 e 16 entram em pauta emprego e igualdade de oportunidades
Imagem Destaque

São Paulo – A primeira rodada de negociação da Campanha 2013 foi concluída. Os temas saúde, condições de trabalho e segurança foram debatidos nesta quinta e sexta-feira com afinco e muita seriedade por parte do Comando Nacional dos Bancários, mas não se pode dizer o mesmo por parte dos representantes dos bancos.

Na quinta-feira 8, primeiro dia de negociação, os bancários deixaram claro que Campanha 2013 não se resolve sem solução para a pressão por metas que adoecem e deterioram as condições de trabalho (leia mais).

Nos dias 15 e 16 de agosto entram em pauta emprego e igualdade de oportunidades.

Segurança – Na manhã desta sexta-feira, surgiu uma das primeiras “pérolas” da mesa: o negociador da federação os bancos (Fenaban), Magnus Apostólico, sugeriu que os trabalhadores busquem a via judicial para reparar eventuais danos psicológicos, físicos ou mesmo financeiros que venham a ter em função do adoecimento causado pelos sequestros ou assaltos violentos aos bancos.

A categoria reivindica o pagamento dos gastos com medicamentos necessários ao atendimento médico/psicológico de vítimas desses casos, assim como a estabilidade no emprego. “Queremos resolver o problema desses trabalhadores na mesa de negociação, mas os bancos deixaram claro que preferem resolver judicialmente. Não concordamos”, relata a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

Na semana anterior, dez bancários sofreram sequestros em todo o país, mas os bancos não aceitam o fato de que quem porta chaves de cofres e agências corre mais risco de vida e disseram “não” também à reivindicação de que os trabalhadores não as carreguem mais. Os dirigentes sindicais cobraram que a abertura/fechamento das agências seja feita por empresas especializadas e lembraram que isso já acontece na maior parte das agências da Caixa Federal.

Para as reivindicações que não responderam "não", os representantes dos bancos remeteram às mesas temáticas que ocorrem durante o ano. “Cobramos solução imediata”, lembra Juvandia.

A Fenaban assumiu compromisso de reorientar os bancos, para que respeitem a conquista de 2011, que proíbe o transporte de valores por bancários. O Bradesco é o maior vilão, nesse caso. “Mas, queremos mais do que isso: a Fenaban tem de mapear onde está sendo descumprido, cobrar o respeito à cláusula da CCT e apontar aos sindicatos onde o problema já foi solucionado”, destaca a dirigente.

Saúde – As reivindicações de saúde foram detalhadas pelos trabalhadores, mas a resposta dos representantes dos bancos foi “não” para praticamente tudo. E ainda tripudiaram, ao dizer, que “se reivindicam muito, só podem ouvir muitos nãos”.

A sessão de “nãos” refere-se, por exemplo, ao plano de saúde para os aposentados. Disseram que não discutem e que isso é liberalidade de cada banco. Também não aceitam o abono de faltas para pessoas com deficiência e informaram que nenhum PCD sofreu desconto.

Assédio moral – O Comando Nacional dos Bancários cobrou o aprimoramento do instrumento de combate ao assédio moral, conquistado em 2011. Os trabalhadores querem que o prazo de apuração das denúncias encaminhadas aos bancos, de até 60 dias, caia para até 30 dias. Para os bancos, esse e outros temas de saúde devem ser debatidos na mesa temática, ao longo do ano. “Cobramos a periodicidade e mais efetividade dessas mesas”, lembra a presidenta do Sindicato.

Abono-assiduidade – Outro “não” veio para a reivindicação do abono-assiduidade, por meio do qual os trabalhadores teriam cinco dias de ausências justificadas no ano. O Banco do Brasil e a Caixa já dão esse direito aos trabalhadores. O abono trata dos cinco dias 31 no ano, que os trabalhadores não recebem para trabalhar. No HSBC, o dia do aniversário do bancário é abonado. A resposta da Fenaban foi: “vocês já reivindicaram isso no ano passado e já dissemos não”.

Para a presidenta do Sindicato, isso não quer dizer nada. “Se deixássemos de reivindicar a cada “não” dito nas mesas pelos representantes dos bancos, os bancários nem teriam mais direitos. Os bancários estão em campanha e na luta para ampliar suas conquistas. Trabalhamos de graça cinco dias por ano e queremos que todos os bancários tenham direito a abonar esse dias, como já acontece com os trabalhadores dos bancos públicos.”


Cláudia Motta - 9/8/2013

seja socio

Exibindo 1 - 1 de 1