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Emprego digno para melhorar condições de trabalho

Linha fina
Antes de iniciar pauta da segunda rodada de negociação, Comando dos Bancários cobrou solução para questões de saúde que ainda não tinham resposta dos bancos. Reunião continua na sexta-feira 16
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São Paulo - Acabar com as causas que levam milhares de trabalhadores a sofrer, adoecer e se afastar do trabalho. Mais uma vez, o Comando Nacional dos Bancários deixou claro aos representantes da federação dos bancos (Fenaban) que a Campanha 2013 não se resolverá sem que sejam encontradas saídas para a rotina estressante vivida nos locais de trabalho.

A segunda rodada de negociação, quinta e sexta-feira, dias 15 e 16, tem como pauta emprego e igualdade de oportunidades. Mas antes de iniciar esses debates, os trabalhadores cobraram respostas a questões apresentadas nas reuniões realizadas nos dias 8 e 9.

> Veja como foram as negociações

Saúde – Os bancos apresentaram a proposta de criar um grupo de trabalho para tratar das razões que levam aos afastamentos de saúde. “Deixamos claro que queremos chegar a uma política para que os adoecimentos em níveis epidêmicos não ocorram mais”, relata a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “E também que esse GT comece a funcionar desde já, com prazo para acabar e apresentar soluções para os trabalhadores.” Os representantes dos bancos ficaram de discutir e dar retorno.

Juvandia ressalta que o GT de Saúde pode ser uma boa ideia. E cobra solução nesta campanha para questões das quais os bancários não abrem mão: fim da pressão por metas abusivas, com cobrança diária; fim do assédio moral; plano de saúde para os aposentados; pagamento aos afastados que ainda não receberam o apto para voltar ao trabalho; assistência às vítimas de assaltos e sequestros.

Abono-assiduidade – São cinco ausências abonadas no ano, referentes aos dias 31 pelos quais o bancário trabalha, mas não recebe. Os bancos dizem “não”.

“Bancários do BB e da Caixa já têm, no HSBC têm o dia do aniversário. Queremos que todos tenham o mesmo direito”, reforça a presidenta do Sindicato. “Insistimos que a Fenaban têm de levar o debate aos bancos.”

Assédio – Sobre a redução do tempo dos bancos para apurar as denúncias de assédio moral, a Fenaban sinalizou com a possibilidade de mudança. Atualmente eles têm até 60 dias e os bancários queriam que esse prazo fosse reduzido para até 30 dias. Os bancos, no entanto, propõe que o prazo caia para até 45 dias. O Comando fez a contraproposta de até 30 dias com mais 15, se necessário, mas os bancos não aceitaram.

Segurança – No dia 20 de agosto será formada uma mesa de segurança para que os bancos apresentem dados do setor.

Descumprimento da CCT – O Comando reiterou à Fenaban o desrespeito dos bancos a clásulas da CCT como a que trata do público-alvo para reabilitação profissional, além das que estabelecem a proibição de transporte de valores e a divulgação de rankings de performance. Os negociadores das instituições financeiras voltaram a se comprometer em fazer um alerta pelo cumprimento. O Sindicato informou que vai denunciar, caso a caso, os que desrespeitarem os direitos dos trabalhadores.

Emprego – O Comando apresentou aos bancos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que dão conta da extinção de 1.957 postos de trabalho de janeiro a junho deste ano. Se levados em conta somente os bancos múltiplos com carteira comercial (ou seja, fora a Caixa), o saldo negativo sobe para 4.890 no período.

Os bancários falaram, ainda, do salário médio da categoria, que caiu e ressaltaram que os bancos promovem demissões para reduzir custos.

Mas, para os bancos, as demissões são um “ajuste muito pequeno”. Os representantes do setor, que “tem de crescer sempre, tem de dar lucro e aumentar sempre”, não levam em conta que cada trabalhador dispensado representa uma família que estará sem remuneração para sua sobrevivência. “A ganância não leva em conta as pessoas que fazem sua riqueza aumentar: os bancários, o cliente, a sociedade da qual tanto ganham”, critica Juvandia.

> "Ajuste muito pequeno" inferniza bancários

Com essa lógica, os bancos disseram não à reivindicação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que coíbe demissões injustificadas, como as promovidas por esse setor que tanto lucra. E deixaram claro que qualquer tipo de garantia de emprego não será convencionada (tratada na CCT), mas discutida banco a banco.

“As demissões nos bancos estão diretamente relacionadas às más condições de trabalho que adoecem. Reduzem os postos de trabalho num cenário de ampliação de contas, aumento das operações de crédito. Os bancários têm dificuldade até para almocar, ir ao banheiro. Isso tem de acabar. Os bancos continuam lucrando muito, precisam parar de demitir e contratar mais.”

Jornada – O Comando cobrou o cumprimento da jornada, o fim da extrapolação e falaram do impacto da extensão diária na saúde dos trabalhadores. Os bancos reconhecem que pode haver esse problema, mas não apresentaram solução imediata.

Manutenção salarial – Outro ponto tratado na rodada de negociação desta quinta-feira foi a manutenção dos salários dos trabalhadores que voltam do afastamento. Não pode haver redução salarial, deixou claro o Comando.

No caso dos bancos públicos, os afastados perdem a comissão. Os privados muitas vezes demitem quem volta de afastamento. Para a Fenaban, tudo isso é natural: acham que não têm de pagar função para quem não a exerce.

“Isso é um absurdo, inaceitável. O trabalhador adoece no exercício da função e depois é descartado? Vamos combater essa lógica perversa”, completa a presidenta do Sindicato.


Cláudia Motta - 15/8/2013

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