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Sindicato luta pela organização de bancários dos EUA

Linha fina
Campanha internacional é pelo direito a voz de trabalhadores do setor financeiro americano. Conferência em Orlando, ato em Wall Street e mobilização nas redes sociais fazem crescer movimento
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São Paulo – O Sindicato participa de campanha pelo direito à sindicalização de trabalhadores do setor financeiro dos Estados Unidos, que são um terço dos bancários do mundo.

Estão também nessa luta a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a UNI (Global Union) – entidade que representa 20 milhões de trabalhadores de mais de 900 sindicatos de diversos setores em todo o mundo –, a organização Communications Workers of America (CWA), além de movimentos comunitários norte-americanos e sindicatos como o La Bancaria, da Argentina.

A luta tem o objetivo de organizar cerca de 7 milhões de bancários americanos que, ao contrário de grande parte dos trabalhadores dos outros países, “não têm voz por não ter um sindicato”, explica Rita Berlofa, diretora executiva do Sindicato.

“A importância da solidariedade internacional e da nossa união é que o capital está globalizado e as grandes corporações são transnacionais. Se elas atuam assim, os trabalhadores também têm de se organizar de forma global”, afirma Rita.

Conferência – A dirigente participou de uma conferência mundial de call centers que ajudou a definir estrategicamente a campanha, em Orlando, em 14 de fevereiro. Fizeram parte do encontro o setor de Finanças da UNI e o Communications Workers of America (CWA), sindicato que congrega 700 mil trabalhadores operadores de call center dos Estados Unidos.

Junto com outros representantes da América do Sul, África, Ásia e Europa, a diretora do Sindicato apresentou as conquistas da categoria bancária e afirmou a necessidade de todos abraçarem a causa, sem distinção de ramo de atividade.

Também estavam presentes Mário Raia, Carlos Cordeiro e William Mendes, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), da CUT.

Mobilização – A campanha ganhou as ruas e chegou a Nova Iorque, em 18 de fevereiro, no Dia de Ação Global por Melhores Bancos. Na rede, nesse dia, a tag  #BetterBanks foi apoiada por mais de 1 milhão de pessoas.

O ato contou com delegação internacional da Ásia, África e América Latina, que protestou em frente ao Citibank, em Wall Street, para reivindicar os mesmos direitos para os bancários americanos.

“Eles ganham menos que os trabalhadores da limpeza, que são sindicalizados. Para se ter uma ideia, trabalhadores da limpeza ganhavam 14 dólares, enquanto o bancário recebia só 8 dólares a hora, há pouco tempo”, compara Rita Berlofa.

Apesar de estarem no centro do capitalismo mundial, as relações trabalhistas dos bancários estadunidenses são piores que as de muitos países. “São privados de direitos fundamentais, como licença-maternidade e uma negociação coletiva capaz de garantir melhores salários”, aponta Rita.

Segundo a diretora do Sindicato, a luta da categoria no Brasil é referência: “Nossas conquistas, como a elevação salarial de 37,8% acima da inflação desde 2004, são citadas constantemente e servem como farol para eles”, conta a dirigente.

Marcio Monzane, chefe mundial da UNI Finanças, avaliou o dia de ação como um novo marco na campanha: “Estamos conseguindo criar um sentido de solidariedade internacional, com intercâmbio e mapeamento da categoria em nível mundial”.

De acordo com ele, o ato em Wall Street foi um sucesso. “Conseguimos falar com funcionários; o segundo maior jornal de Nova Iorque, o NY Daily News, repercutiu a manifestação; atingimos 1 milhão de apoiadores e recebemos 50 mil mensagens de apoio em três horas. Os trabalhadores sentiram que não estão sozinhos e a campanha será mantida de forma permanente.”

A luta é de todos – O impacto devastador da crise de 2008 sobre a sociedade em geral faz o movimento ir além da categoria bancária e abarcar toda a classe trabalhadora. Segundo o diretor executivo da organização NY Comunities for Change – cuja tradução seria “Comunidades de Nova Iorque para a Mudança” – Jonathan Westin, “os bancos foram salvos e nós fomos colocados para fora”.

“Com a atuação perversa das instituições financeiras, milhões de pessoas perderam seus empregos e famílias inteiras perderam suas casas. Todos os pais e mães de família e todos os estudantes devem se solidarizar com a causa, para mudar o comportamento predador dos bancos”, afirma Rita Berlofa.

“Para parar os lobos, precisamos construir uma casa forte: nosso sindicato” era a frase que se via nas faixas erguidas pelos trabalhadores em Wall Street e nas postagens na internet, em referência à história infantil e ao especulador ambicioso do filme O Lobo de Wall Street, dirigido por Martin Scorcese.


Mariana de Castro Alves – 19/2/2014

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