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Bancário é descomissionado após assédio moral

Linha fina
Engenheiro do Banco do Brasil faz denúncia ao Sindicato e aguarda resultado de auditoria interna
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São Paulo – Um engenheiro aprovado por seleção interna do Banco do Brasil perdeu seu cargo de comissão, em 31 de março, depois de ser alvo de assédio moral por meses. Segundo relato do trabalhador Marcelo de Jesus Silva, de 40 anos, o motivo pode ser retaliação.

De acordo com o bancário, após ter feito críticas e proposto melhorias nas licitações e nas rotinas para manutenções de ar-condicionado e elevadores, passou a não receber trabalhos e foi isolado dos colegas. “Desde agosto de 2013, fiquei fazendo cursos. Me senti preterido e excluído, porque não receber demandas de trabalho é a forma mais contundente de assédio moral”, diz.

Fazia parte do seu serviço avaliar e relatar problemas, mas, de repente começou a se sentir assediado.

Um exemplo foi quando questionou um processo de licitação para contrato de equipe de manutenção. “Dei meu parecer e recebi a resposta de que eu tinha problemas de relacionamento, apenas uma hora antes de entrar em férias”, conta Marcelo, que expõe que o assédio era continuado. Nas férias recebeu anotação sobre seu desempenho profissional por problemas interpessoais. “Isso vai contra o que o próprio banco prega, pois e-mails internos orientam que os ‘feedbacks’ sejam presenciais para haver uma conversa com o trabalhador. Diziam que eu tinha problema, mas nunca informaram com quem”, afirma.

Esses supostos problemas de relacionamento são desmentidos pela avaliação dos pares. No segundo semestre de 2013, teve nota máxima na maioria dos quesitos no julgamento feito pelos colegas.

Formado em Engenharia Mecânica e Matemática, o descomissionamento resultou na redução aproximada de dois terços do seu salário. “Tive até que vender o carro para pagar o consignado”, lamenta Marcelo.

Prazos estourados e falta de avaliações – O Banco do Brasil tinha o prazo de um ano para avaliar o trabalhador na função de assessor de Engenharia e Arquitetura II e, assim, promovê-lo ao grau I. Mas, foi só depois de um ano e nove meses que a instituição tirou seu cargo, tornando-o escriturário.

“Entrei no banco em 2008 e na área de Engenharia em julho de 2012. O banco tinha até julho de 2013 para me dar a avaliação para promoção, mas, diferente do que ocorreu com outros que também tinham entrado na mesma época que eu, o BB não me avaliou”, conta. Segundo o trabalhador, outros cinco funcionários que ingressaram na engenharia em datas próximas foram avaliados dentro do prazo.

“Isso mostra negligência e pode também ser caracterizado como assédio”, avalia o diretor executivo do Sindicato Ernesto Izumi.

Denúncia – Marcelo fez denúncia de assédio moral ao Sindicato em 20 de dezembro de 2013, descrevendo perseguições e o fato de, à época, ainda não haver sido promovido no prazo devido, conforme as instruções normativas do banco.

O Sindicato apresentou o problema à instituição financeira, que não prestou esclarecimentos em 45 dias, prazo estabelecido por acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.

“O banco pediu renovação do prazo, mas fomos surpreendidos com o descomissionamento. Agora, o Sindicato levará a questão para ser discutida com a área de Gestão de Pessoas. Não houve três avaliações negativas exigidas para descomissionar o funcionário – algo que está no acordo – e, pelos relatos e documentos apresentados, trata-se de assédio moral, que deve ser combatido de todas as maneiras”, afirma Ernesto Izumi.

O funcionário também procurou a ouvidoria do BB em Brasília e disse que irá aguardar o resultado: “Antes de tomar outras medidas, aguardarei a resposta deles. Gosto do Banco do Brasil e tenho orgulho de trabalhar na instituição, ainda que esteja passando por tudo isso”, diz.


Mariana Castro Alves – 2/4/2014

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