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Lançamento de dois livros sobre a ditadura

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"Combate das Trevas", de Jacob Gorender, ganha reedição. "Pau de Arara", de Bernardo Kucinski e Ítalo Tronca, lançado no México e na França durante a ditadura, é editado pela primeira vez no Brasil
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São Paulo - Os últimos meses foram cheios de lançamentos de livros, filmes e exposições que colocam sob os holofotes o período mais sombrio da história do Brasil. Os livros Combate das Trevas, de Jacob Gorender, e Pau de Arara: A Violência Militar no Brasil, de Bernardo Kucinski e Ítalo Tronca, que serão lançados nesta semana, fazem parte desta leva de obras relacionadas à temática dos 50 anos do golpe civil-militar de 1964.

Lançado originalmente em 1987, Combate das Trevas – A Esquerda Brasileira: das Ilusões Perdidas à Luta Armada, do historiador, jornalista e criador do Partido Comunista Brasileiro, Jacob Gorender, está sendo relançado pela Fundação Perseu Abramo (FPA) e pela Editora Expressão Popular nesta segunda-feira 21, na II Bienal do Livro e da Leitura de Brasília. O evento contou com a participação do jornalista e ex-preso político Alípio Freire e do historiador Mário Maestri.

O livro faz uma análise da atuação da esquerda brasileira e da luta armada no período depois do golpe. Gorender, preso em 1970 e torturado nos porões da ditadura, se baseia em sua vivência pessoal, em documentos e em entrevistas para reconstruir, de seu ponto de vista, a trajetória dos partidos e grupos de esquerda especialmente entre os anos de 1964 a 1974.

O autor, morto aos 90 anos em 2013, era filho de imigrantes russos. Comunista e judeu, sua história passa pela campanha expedicionária na Itália, na Segunda Guerra, e pelo 20° Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em Moscou. Antes de Combate das Trevas, ele escreveu O Escravismo Colonial, de 1978, em que apresenta sua teoria para entender a história colonial e imperial do Brasil. Também é autor de A Escravidão Reabilitada e Marcino e Liberatore – Diálogos sobre Marxismo, Social-democracia e Liberalismo.

Quadro completo - Pau de Arara: A Violência militar no Brasil será lançado na quinta-feira 24, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, na capital. Escrito por Bernardo Kuncinski e Ítalo Tronca, o livro foi um dos primeiros documentos a denunciar no exterior a violação de direitos humanos durante a ditadura. Originalmente lançada em 1970, na França, e em 1972, no México, a obra é editada pela primeira vez no Brasil, pela Fundação Perseu Abramo.

Pau de Arara faz uma análise da realidade socioeconômica brasileira, do histórico da ligação entre os militares e o poder político e apresenta uma compilação de documentos relativos às violações de direitos humanos que ocorriam desde o início da ditadura.

Reunir e publicar tais denúncias (onde quer que fosse) era, claro, um grande risco para os autores, por isso a autoria de Pau de Arara foi ocultada na época de seu lançamento, na França e no México. Agora, a edição brasileira, além de apresentar devidamente seus autores, faz uma homenagem a Eduardo Merlino, jornalista assassinado em 1971 no DOI-Codi.

No texto de introdução da edição francesa, publicado em PDF no site de Bernardo Kucinski, os autores apresentam sua esperança de que no futuro seja conhecida a completa realidade sobre os horrores cometidos pela ditadura: “... levando em consideração as dificuldades inerentes a este tipo de obra, é possível que o texto apresente pequenas imprecisões. Será necessário esperar muitos anos antes de termos um quadro completo dos crimes cometidos pela ditadura atualmente no poder”, afirma o texto.

Cinquenta anos se passaram e ainda existem lacunas importantes para trazer completamente à luz as atrocidades cometidas pelo regime militar no Brasil. É por isso que obras como Combate das Trevas e Pau de Arara são importantes: resgatar o passado é uma maneira de evitar velhos erros.


Rede Brasil Atual - 22/4/2014

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