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Ato internacional contra demissões no Santander

Linha fina
Sindicato e UNI América Finanças protestam na Torre contra postura do banco no Brasil e cobram mais contratações e melhores condições de trabalho
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São Paulo – O Sindicato em conjunto com a UNI Américas Finanças – braço sindical global que representa três milhões de trabalhadores de bancos em todo o mundo – organizou um protesto em frente à sede do Santander Brasil, a Torre, para cobrar o fim das demissões, a contratação de mais funcionários e melhores condições de trabalho.

> Fotos: galeria de imagens da manifestação

Durante o protesto, realizado na sexta-feira 27, a diretora executiva do Sindicato Maria Rosani salientou que o resultado do banco aumentou na Espanha, onde o Santander não realizou demissões compulsórias mesmo o país vivendo uma forte crise econômica. “As demissões são prejudiciais para o lucro do banco no Brasil, que apesar de ter lucro vê reduzir sua participação no resultado mundial que já foi de mais de 26% e hoje representa 20%.”

Esquiva – O dirigente sindical Ramilton Marcolino lembrou que exatamente um mês atrás (27 de maio), um grande ato realizado também na Torre finalizava a jornada nacional de lutas com a entrega de milhares de cartas de clientes insatisfeitos.

“Desde o início de maio foram enviadas quatro cartas ao presidente do Santander cobrando uma reunião para discutir o corte de custos por meio das demissões, mas até então Jesús Zabalza vem se esquivando de discutir o tema”, afirmou o dirigente.

“Se o Jesús não quiser nos receber, nós iremos até a Espanha falar diretamente com o [Emilio] Botin [presidente mundial do Santander]”, ameaçou o diretor da UNI America Mario Raia. “Já fizemos isso uma vez em uma assembleia de acionistas e vamos fazer de novo”, completou.

Zabalza, o homem à frente do Santander Brasil, assumiu o posto no ano passado prometendo uma gestão focada na redução de custos. Essa política está sendo implantada por meio de demissões – foram 4.833 postos de trabalho eliminados desde sua posse, em maio de 2013 – e da redução de serviços, como os fretados, e de itens básicos.

“Nós temos que comprar até caneta, lápis e borracha se quisermos trabalhar, porque é muito difícil conseguir que o banco forneça esses materiais”, conta uma bancária. Sua colega reforça: “Temos que comprar até mesmo os lacres do malote. Nem lata de lixo individual temos mais. É quase uma por andar. É ridículo!”

“Enquanto os executivos se presenteiam aumentando seu total cash em 48%, os trabalhadores amargam demissões injustificadas, com a alteração de notas de seus DPO (Direção por Objetivos). E quanto sua nota é inexplicavelmente reduzida, torna-se um potencial para demissão”, criticou  Ramilton Marcolino.

O dirigente citou outro exemplo, que classificou como absurdo: a retirada do marcador do ponto eletrônico em alguns andares e dos fretados. “Esse tipo de atitude traz desconforto e temeridade a todos trabalhadores da Torre. Santander, basta de demissões, queremos mais contratações. Chega de reduzir custos às custas de sofrimento.”

Desgostos – Insatisfação é o sentimento que resume o Santander atualmente, não só internamente, mas também para seus correntistas. No ano passado, liderou em oito dos 12 meses o ranking do Banco Central que mede as reclamações de clientes. Em 2014, trilha o mesmo rumo, figurando no topo em quatro dos cinco meses mensurados.

Uma bancária relata que o assédio moral é muito forte. “Hoje tomo antidepressivos, já fiquei afastada seis meses e no dia que voltei ao trabalho ainda ouvi do meu gestor que tive sorte por não ter sido demitida. Está todo mundo de saco cheio”, desabafa.

Desrespeito – Em uma demonstração de truculência sem precedentes, as portas do prédio foram bloqueadas para impedir o acesso de dirigentes sindicais. “Não podemos aceitar que criminalizem os dirigentes sindicais, não somos vândalos e estávamos lá para atividade pacífica como sempre fazemos”, afirmou o dirigente sindical Ramilton Marcolino.

Indignação internacional – O ato realizado nesta sexta-feira 27 integra Jornada Internacional de Luta contra as demissões na instituição espanhola, e foi decidido durante a 10ª Reunião Conjunta de Rede Sindicais dos Bancos Internacionais, realizada em Lima, no Peru, nos dias 5 e 6 de junho.

No encontro estiveram presentes dirigentes sindicais do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e México, além de representantes das Comissiones Obreras (CCOO) e da UGT, as duas principais centrais sindicais da Espanha. A indignação geral causada pela gestão equivocada do banco no Brasil gerou a promoção da campanha internacional contra as demissões, que teve início nesta sexta-feira 27.


Rodolfo Wrolli – 27/6/2013
*Atualizada às 11h45 de 1/7/2014

 

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