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Jornada internacional do Santander chega à Paulista

Linha fina
Demissões, sobrecarga de trabalho e falta de condições de trabalho são denunciados por dirigentes sindicais, que cobram reunião com presidente do banco
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São Paulo – A Jornada Internacional de Lutas contra as demissões no Santander Brasil entrou no seu quarto dia. Os protestos para cobrar o fim das demissões, a contratação de mais funcionários e melhores condições de trabalho chegou à Avenida Paulista na quinta-feira 3, onde os bancários também estão indignados com a atual gestão do banco.

> Vídeo: Santander é alvo de protestos
> Fotos: galeria de imagens do ato

“Não traz retorno. É meta em cima de meta, o funcionário é cobrado constantemente e, se não dá conta, é visto como incompetente e demitido. Quem continua no banco acaba acumulando mais trabalho e não consegue prestar um bom atendimento. É um círculo vicioso.” Dessa forma um bancário do Santander resumiu a política empresarial implantada no banco espanhol, que consiste em reduzir custos por meio da diminuição do número de funcionários, fechamento de agências e aumento das metas.

“A gente tem que bater a meta no dia 15, para suprir o trabalho de 10 colegas a menos que foram demitidos nos últimos meses”, reforça outra funcionária.

O número de funcionários, que era 53.484 em março de 2013, baixou para 48.651 em março deste ano (redução de 10%). Além disso, a instituição fechou 150 agências em 12 meses, sendo 58 apenas no primeiro trimestre deste ano. Por outro lado, de 2012 a 2013 o número de correntistas saltou de 27,3 milhões para 30 milhões.

Uma bancária de licença que passava pela Paulista no momento do protesto contou que sua agência foi uma das que fechou. “Nem sei para onde eu vou quando voltar. Um amigo meu que também está de licença porque sofreu um princípio de enfarte de tanto trabalhar está numa situação pior. Ele é gerente A +. Esse cargo nem existe mais”, conta.

Com a demissão de 4.833 funcionários só no último ano, o número de clientes por funcionário aumentou de 520 no primeiro trimestre de 2013 para 617 no mesmo período deste ano.
A combinação de fatores gerou a insatisfação dos clientes. Prova disso é que o Santander foi a instituição que liderou pelo maior número de meses o ranking de reclamações de clientes no Banco Central em 2013: ficou em primeiro lugar por oito meses, dos quais seis consecutivos. E em 2014, continua liderando em quatro dos cinco primeiros meses.

“O atendimento é muito ruim. Essa semana mesmo cheguei a ficar esperando 40 minutos e desisti de ser atendida”, queixa-se a analista de crédito Elaine Santos. “Dá para perceber que o problema é a falta de funcionários. O quadro é bem escasso. Às vezes tem só duas pessoas para atender em toda a agência”, relata a cliente.

A dirigente sindical Wanessa Queiroz enfatiza a gestão errática do banco. “O trabalhador é obrigado a atingir metas cada vez mais abusivas, o que prejudica o atendimento, e se o cliente reclama, o banco culpa o bancário, pontuando negativamente sua avaliação pessoal e reduzindo sua bonificação.”

“Essa atual gestão não traz resultados e deve ser revista”, reforça Wanessa. “Por isso cobramos do presidente do banco no Brasil, Jesus Zabalza, uma mesa de negociação para negociar o fim das demissões e a contratação de mais funcionários. O Santander precisa respeitar o Brasil e os brasileiros”, finaliza.

Luta internacional – A campanha contra as demissões na instituição espanhola foi planejada na 10ª Reunião Conjunta de Rede Sindicais dos Bancos Internacionais, realizada em Lima, no Peru, nos dias 5 e 6 de junho.

Participaram do encontro dirigentes sindicais do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e México, além de representantes das Comissiones Obreras (CCOO) e da UGT, as duas principais centrais sindicais da Espanha. A indignação geral causada pela gestão equivocada do banco no Brasil gerou a promoção da campanha internacional contra as demissões, que teve início na sexta-feira 27.


Rodolfo Wrolli – 3/5/2014
 

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