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Brics criam alternativas ao FMI e ao Banco Mundial

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Principais economias emergentes elaboram novos organismos para fazer frente a ordem financeira vigente
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São Paulo – Para oferecer uma nova alternativa além do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (os Brics)planejam delinear uma nova organização financeira mundial.

A formalização do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e do Mecanismo Contingente de Reservas (CRA) para o enfrentamento de eventuais crises de liquidez se dará durante a cúpula dos Brics, que começa na semana que vem, em Fortaleza.

Tanto NDB e CRA são organismos financeiros com os mesmos fins – embora de menor tamanho –, que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), instituições multilaterais concebidas há mais de 70 anos e que são controladas pelos Estados Unidos e por países europeus.

Para o economista do Dieese Gustavo Carvazan, a criação desses bancos terá importância principalmente por razões geopolíticas. “O Banco Mundial e o FMI funcionam muito mais como mecanismos que os países centrais do capitalismo têm para impor sua agenda aos países periféricos.”

Ele cita como exemplo as séries de ajustes econômicos a que um país deve se submeter para que possa solicitar um empréstimo ao FMI e que, segundo o economista, nem sempre são do interesse da nação.

“O Brasil já passou por isso e teve de colocar em prática uma politica econômica recessiva, que gerou desemprego e desintegração de partes da cadeia produtiva de nossa indústria.”
Contra ataques especulativos – Há dois anos os Brics discutem a criação de um banco de desenvolvimento conjunto que possa financiar projetos em seus países e em outros emergentes. A assinatura do CRA possibilitará a criação de uma espécie de fundo de estabilização econômica e apoio a países em crise que estejam com dificuldades no balanço de pagamentos ou sofrendo ataques especulativos.

O NDB terá um aporte inicial de US$ 50 bilhões, sendo US$ 10 bilhões em dinheiro e US$ 40 bilhões em garantias. Este orçamento poderá chegar a US$ 100 bilhões em dois anos e a US$ 200 bilhões em cinco anos.

A criação do banco precisará ser ratificada pelos congressos dos cinco países-membros, e sua regulamentação também terá de ser definida. No cálculo dos Brics, o organismo poderá estar funcionando em dois anos.

Também não está definida a sede do novo órgão multilateral, embora algumas cidades já tenham anunciado sua candidatura: Xangai (China), Johanesburgo (África do Sul), Moscou (Rússia), Mumbai e Nova Délhi (Índia).

Ainda não foi definido se os países não associados ao banco poderão solicitar recursos.

Fundo de estabilização – O CRA, por sua vez, tem como modelo a iniciativa Chiang Mai, um acordo entre vários países da Ásia que serve como alternativa ao FMI no socorro financeiro a nações em crise.

O fundo contará com um conselho de governadores e com um conselho técnico, responsáveis pela análise e aprovação das solicitações de ajuda, de acordo com o que foi negociado até agora e que poderá ser referendado na Cúpula de Fortaleza.

“Com a criação desses bancos abre-se a possibilidade de os países da periferia capitalista terem mais autonomia sobre sua própria política econômica, além de aprofundar as relações econômicas entre essas nações”, avalia Gustavo Carvazan.


Redação, com informações da EFE e da Folha de S. Paulo – 11/7/2014

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