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Enquanto Brasil contrata, bancos demitem

Linha fina
Dados do Ministério do Trabalho mostra que setor financeiro corta vagas no primeiro semestre de 2014 mesmo com lucratividade bilionária
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São Paulo – Enquanto a economia brasileira gerou 632.224 novos empregos entre janeiro e julho de 2014, os bancos andaram na contramão e eliminaram 3.600 postos de trabalho nos primeiros sete meses deste ano.

A Caixa Econômica Federal abriu 1.595 novas vagas no mesmo período, o que evitou números ainda piores para o setor financeiro, o mais lucrativo do país. Somente no ano passado os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) lucraram R$ 56,7 bilhões.

As informações são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgado na quinta-feira 21. De acordo com o levantamento, além do corte de vagas, a rotatividade continuou alta no período. Os bancos brasileiros contrataram 20.075 funcionários e desligaram 23.675.

“A tendência de corte de postos de trabalho gera o acúmulo de funções para os funcionários remanescentes, o que, por sua vez, ocasiona uma série de outros problemas como o assédio moral e doenças físicas e psíquicas”, avalia a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria. “Não é a toa que a categoria bancária é uma das que mais sofrem com adoecimentos relacionados ao trabalho e, consequentemente, com os afastamentos”, acrescenta.

Dados do INSS comprovam. Em 2013, 18.671 bancários em todo o país foram obrigados a pedir licença médica. A maior parte (27%) com doenças psíquicas causadas pela pressão. Outros (24,6%) com adoecimento típico da sobrecarga e esforço repetitivo (LER/Dort). São cerca de 50 bancários por dia se afastando do trabalho.

No total, 17 estados apresentaram saldos negativos de emprego nos bancos nos primeiros sete meses do ano. As maiores reduções ocorreram em São Paulo (1.524), Rio Grande do Sul (621), Minas Gerais (480) e Rio de Janeiro (463). O estado com maior saldo positivo foi o Pará, com geração de 208 novas vagas.

De acordo com a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), realizada pela Contraf-CUT em conjunto com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário médio dos admitidos pelos bancos nos primeiros sete meses do ano foi de R$ 3.303,55 contra o salário médio de R$ 5.216,86 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio equivalente a 63,3% da remuneração dos que saíram.

Desigualdade de gênero – O levantamento evidencia ainda que as mulheres, mesmo representando metade da categoria, seguem sofrendo discriminação pelos bancos na sua remuneração, recebendo menos do que os homens ao serem contratadas. Essa desigualdade persiste ao longo da carreira, pois a remuneração das mulheres é bem inferior à dos homens no momento em que são desligadas dos seus postos de trabalho.

Enquanto a média dos salários dos homens na admissão foi de R$ 3.756,96 nos primeiros sete meses do ano, a remuneração das mulheres ficou em R$ 2.829,77, diferença de 75,3%.

Já a média dos salários dos homens no desligamento foi de R$ 6.000,16 no período, enquanto a remuneração das mulheres foi de R$ 4.386,33 – diferença de 73,1%.


Redação – 22/8/2014

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