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Reintegrado ao Itaú bancário com LER/Dort

Linha fina
Vitória em ação aberta pelo Sindicato devolve emprego para trabalhador demitido depois de quase 25 anos de dedicação à empresa
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São Paulo – Uma ação civil pública aberta pelo departamento jurídico do Sindicato garantiu a reintegração a um funcionário desligado do Itaú com Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Erivaldo Barreto de Deus, de 47 anos, voltou ao emprego, no Centro Administrativo Brigadeiro, na segunda, 1º de setembro.

A decisão do juiz Luiz Gustavo Ribeiro Augusto, da 87ª Vara do Trabalho da Capital, determinou a reintegração em atividade compatível com seu estado e o restabelecimento de seu plano de saúde. A sentença, assinada em 12 de agosto, foi por tutela antecipada, ou seja, faz valer os efeitos da decisão, mesmo que o banco entre com recurso.

Perseguição e demissão - Depois de quase 25 anos de dedicação ao Itaú, Barreto foi demitido por suposta “baixa performance”, em outubro de 2013. “Isso foi o que eles alegaram. Mas, já vi isso acontecer em muitos casos. Conheço várias outras pessoas lesionadas perseguidas e demitidas pelo Itaú”, conta o trabalhador, que matinha boas relações com todos e não apresentava nada que o desabonasse.

A lesão apareceu em 1995. “O primeiro diagnóstico foi de síndrome do túnel do carpo, nos punhos”, conta.

Apesar de acompanhamento médico, o quadro de saúde só foi piorando. “Ficava na contagem de numerário. O problema passou dos punhos aos cotovelos e atingiu os dois ombros, por volta do ano de 2000”, diz.

Barreto teve cinco afastamentos pelo INSS – com emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), em que o nexo causal entre a doença e o serviço é estabelecida – além de afastamentos de quinze dias.

De acordo com Barreto, estava “tudo bem” desde 2005, quando foi transferido para outro setor.  “Estava adaptado a uma função que não me causava problema. Isso consegui com um certificado de reconhecimento do INSS da minha situação. A partir desse certificado, o banco me ofereceu trabalhar no monitoramento de caixa eletrônico. Estava bem adaptado”, conta.

Prática disseminada - De acordo com dirigentes sindicais, a história de Barreto não é isolada: “Há no Itaú uma prática disseminada de perseguição e depois demissão de trabalhadores lesionados”, afirma a diretora do Sindicato Marta Soares.

“Assim que demitido, ele logo procurou o Sindicato e tentamos uma saída negociada, mas o Itaú recusou. Assim, tivemos que entrar na Justiça”, conta o dirigente sindical Antônio Alves de Souza, o Toninho.

Vitória –  “Fiquei muito feliz quando fui informado da reintegração”, declara Barreto, que é casado e pai de três filhos.

“A demissão trouxe uma série de consequências para a minha vida. Tenho dois filhos que ainda moram comigo e um deles é autista. Minha esposa tem que ficar em casa, cuidando dele. E, por não conseguir pagar aluguel em São Paulo, tive que mudar para o interior, onde comprei uma casa”, conta.

Com residência atual em Cosmópolis, a 132 quilômetros de São Paulo, Barreto se prepara agora para enfrentar mais de duas horas de viagem para chegar ao trabalho.

Mesmo com uma história cheia de dificuldades, que ainda não acabaram, Barreto é enfático sobre seu retorno ao emprego: “Foi sim uma vitória”, declarou.


Mariana Castro Alves – 2/9/2014

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