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Talvez não sobre muito dos bancos públicos

Linha fina
O anúncio foi feito por Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central na era FHC, já definido como ministro da Fazenda, caso Aécio Neves seja eleito
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São Paulo – Mais um candidato à Presidência da República anuncia a intenção de reduzir o papel dos bancos públicos no Brasil. Além de Marina Silva – que disputou pelo PSB e perdeu no primeiro turno – agora é a vez de Aécio Neves (PSDB), que concorre com Dilma Rousseff (PT) no segundo turno. A proposta foi defendida pelo ex-presidente do Banco Central na era FHC, Armínio Fraga, já definido como ministro da Fazenda caso Aécio seja eleito.

O economista afirma que o modelo brasileiro – formado por “três grandes bancos públicos em atuação”, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – “não é um modelo favorável ao crescimento, ao desenvolvimento” do país.

“Não estou advogando aqui fechar o BNDES. Mas não sei muito bem o que vai sobrar no final da linha, talvez não muito”, completa Fraga.

> Ouça o áudio divulgado pelo Blog do Cafezinho

Papel fundamental – O Sindicato alerta há anos sobre os riscos que correm os bancos públicos nesse modelo neoliberal de governar (veja abaixo capa da FB em 1999). “Durante o governo FHC/Armínio Fraga, o movimento sindical defendeu esse patrimônio brasileiro quase extinto na sanha privatizadora do modo de governar do PSDB. O Brasil perdeu dezenas de bancos estaduais, como o Banespa e o Banerj, mas BB, Caixa e BNDES conseguiram ser preservados graças à luta dos trabalhadores, apesar de terem sido sucateados”, relembra a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

E felizmente! Nos últimos anos, principalmente após a crise financeira internacional mundial, esses bancos tiveram papel fundamental na evolução da economia brasileira.

Estudo do Dieese mostra que após 2008 as instituições privadas reduziram sua participação na oferta de crédito: as nacionais diminuíram de 43% para 33% e as estrangeiras de 21% para 16%. No mesmo período, a participação dos bancos públicos no saldo total das operações de crédito só aumentou: de 36%, em janeiro de 2008, para 51% em dezembro de 2013.

“Vale destacar que a Europa está numa crise enorme, com desemprego, perda de direitos, escassez de crédito, exatamente porque não tem bancos públicos para ampliar o investimento e ajudar a aquecer a economia”, reforça Juvandia.

Crescimento – O economista André Biancarelli, da Unicamp, afirma que não se avançaria como nos últimos dez anos sem o crédito disponibilizado pelos bancos públicos.

“O Brasil tem um sistema de financiamento público muito importante, que resistiu ao projeto neoliberal da década de 1990”. Mas novos projetos defendem a diminuição dos bancos públicos, sob o argumento de que têm de perder espaço para que os privados possam atuar. “Haveria crédito de longo prazo no país sem a atuação do BNDES? Ou o que teríamos seria financiamento externo e endividamento? São questões a se pensar seriamente, até porque apontam para mudanças radicais que, uma vez postas em prática, não serão revertidas com facilidade.”


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Cláudia Motta – 10/10/2014

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