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Prouni dá uma força na carreira dos jovens

Linha fina
Para ingressar nos bancos, por exemplo, é preciso nível superior. Programa do governo federal ajuda a pagar universidade de trabalhadores de baixa renda
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São Paulo – Conseguir uma boa vaga no mercado de trabalho exige nível superior. Não à toa, essa é uma das principais preocupações dos jovens brasileiros. Nos bancos, por exemplo, só ingressa quem está na universidade.

É o caso de Fernanda Reis. “Entrei no Bradesco como escriturária, mas só porque estava cursando Gestão em Segurança Empresarial”, relata. A bancária conseguiu o acesso com uma bolsa do Prouni, que cobria 50% das mensalidades na Uniban. “Se não fosse isso, não teria condições de fazer o curso.” Ela explica que não ganhou bolsa integral porque a renda da família era maior do que o limite estabelecido pelo programa.

Criado em 2005, no terceiro ano do primeiro mandato do ex-presidente Lula, o Prouni dá uma força a esses trabalhadores que antes não tinham como estudar e possibilita o acesso de jovens de baixa renda ao ensino superior, por meio da concessão de bolsas integrais ou parciais em cursos de graduação de instituições privadas. Em dez anos, formou 400 mil profissionais e ofertou 1,27 milhão de bolsas.

O empregado da Caixa Federal Rodrigo Carvalho, 31 anos, fez parte da primeira leva de bolsistas, em 2005, e quatro anos depois se formou em Ciências da Computação. “Foi a única maneira que tive para concluir a graduação. Se não tivesse o Prouni eu poderia não ter feito faculdade até hoje, ou só agora estar começando um curso superior”, conta.

O Prouni também mudou o rumo da vida profissional de Antônio (nome fictício), analista de risco no Santander. “Eu trabalhava em uma loja no shopping. Se não tivesse conseguido a bolsa provavelmente continuaria caixa de loja. Nada comparável com o que tenho hoje”, destaca.

Por meio do programa, conseguiu fazer Administração em uma renomada faculdade de São Paulo. “Entrei na Mackenzie em 2008, com 22 anos, e me formei em 2012. Todo o curso com bolsa integral.” Graças à reputação da universidade, foi selecionado como estagiário pelo Santander. “Estava concorrendo só com gente que estudava nas tops de linha: PUC, USP, FGV, Insper... Se não estivesse na Mackenzie, nem estaria no páreo.” Após o estágio, Antônio foi efetivado pelo banco. “O Prouni é uma forma de promover igualdade de oportunidades porque, podendo pagar e cursar a faculdade que se quer, basta que a pessoa se empenhe para ter as mesmas chances de qualquer um, inclusive de quem tem dinheiro”.

Atualmente, a renda máxima para ter direito à bolsa integral é de até um salário mínimo e meio mensal bruto por integrante da família. Para bolsas parciais (50%) a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa.

Inclusão – Metade dos bolsistas do Prouni são negros, grupo que apesar de ser metade da população brasileira – segundo o IBGE pretos e pardos são 50,7% da população – ainda é minoria no ensino superior. A estudante Tamires Sampaio é um exemplo. Aos 20 anos, é a primeira mulher negra a ocupar a presidência do Centro Acadêmico de Direito da Mackenzie, universidade historicamente conservadora e que teve forte atuação na defesa da ditadura militar. “O perfil da universidade está mudando por causa dos prounistas, alunos de baixa renda, moradores da periferia, que só têm acesso à Mackenzie graças às bolsas. A cada semestre entram muitos bolsistas.”

Tamires recebe bolsa integral, entrou na faculdade em 2011 e deve se formar em 2016.

Mais universidades – Vale lembrar que entre 2002, último ano do governo FHC, os gastos com educação eram de R$ 19,9 bilhões. Em 2013 subiram para R$ 91,3 bi. Também foi nos governos dos presidentes Lula e Dilma Rousseff que foram criadas 18 universidades federais. Nenhuma havia sido criada no período anterior.


Andréa Ponte Souza – 14/10/2014

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