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Artigo: Desde a formação do Brasil lutamos por igualdade 

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São Paulo, 13/05/2020

 

Por Ivone Silva 


Faz 132 anos que o Brasil aboliu a escravatura. Sabemos que a população negra foi abandonada, sem direitos resguardados, se manteve marginalizada e sem amparo do Estado. 

 

Os dados sociais de educação, saúde, trabalho, moradia no Brasil hoje mostram que as oportunidades continuam desiguais, em função do abandono durante várias décadas. E não há avanço nesses índices sem igualdade de oportunidades. 

 

Após décadas de descaso das políticas públicas de sucessivos governos, o percentual de negros no nível superior deu um salto e quase dobrou entre 2005 e 2015, durante os governos de Lula e Dilma. 

 

Em 2005, um ano após a implementação de ações afirmativas, como as cotas, apenas 5,5% dos jovens pretos ou pardos na classificação do IBGE e em idade universitária frequentavam uma faculdade. Em 2015, 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram ao nível superior. Os dados foram constatados pela Síntese de Indicadores Sociais – Uma análise das condições de vida da população brasileira. A pesquisa também mostra que os anos de ensino influenciam no salário: quanto maior a escolaridade, maior o rendimento do trabalhador.

 

Sabemos também que os negros representam maioria do total de pessoas desempregadas no país atualmente. A desigualdade está em todas as áreas. 

 

Na categoria bancária, de acordo com dados da RAIS/MTE, em 2014, o total de admitidos nos bancos privados apenas 3,2% eram pretos, 18,3% eram pardos e 75,5% eram brancos. Nos bancos públicos o percentual de admissões foi de apenas 4,1% pretos, 29,7% pardos e 63,3% brancos. Essa diferença de oportunidades pode ser percebida nas instituições financeiras. O Censo da Diversidade 2014 mostra que a participação de negros no setor teve um aumento pequeno nos últimos seis anos - apenas 5,7 pontos percentuais. Em 2014 apenas 24,7% da categoria bancária era composta de negros e negras.

 

Se o preconceito ainda mantém baixos índices de contratação e aumento de salários, a população negra também tem os piores atendimentos de saúde. Com o pouco investimento em saúde pública, o SUS se mantém precarizado e com um número reduzido de funcionários. E durante a pandemia podemos ter certeza do que é o racismo estrutural, quando grupos de empresários se sentem aliviados ao anunciar o fim do pico da pandemia para os ricos. 

 

No país com um dos maiores índices de desigualdade do mundo, temos sete leitos por 100 mil habitantes no SUS, e na iniciativa privada são 32,8 leitos a cada cem mil habitantes. É preciso manter uma fila única de leitos, reunindo SUS e a rede privada. A prioridade é salvar vidas, independentemente da classe social do paciente.  O contrário disso é um genocídio da população mais pobre, condenada a trabalhar para manter os lucros das empresas e sem chance de tratamento médico. 

 

Não há saída além da luta e mobilização e hoje é um um dia de resistência! O Dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é um dos principais marcos de uma revisão histórica, pela luta dos negros e valorização da cultura afro-brasileira. Estude, leia sobre os nossos heróis negros e vamos lutar juntos por um país mais justo e democrático! 

 

 

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