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Santander desrespeita mobilização dos bancários

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Em comunicado pela intranet, banco fala abertamente em contingenciamento no Dia Nacional de Luta e tenta intimidar funcionários
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São Paulo – “A contingência da greve foi um sucesso, graças ao seu empenho e atitude em garantir um excelente atendimento ao cliente.” Assim é a mensagem que o Santander divulgou, via intranet, a todos os funcionários do Vila Santander, call center do banco que paralisou suas atividades na manhã de terça-feira 29, Dia Nacional de Luta. O ato foi contra a proposta apresentada pela Fenaban (federação dos bancos) na última rodada da Campanha 2015. A mensagem termina com a seguinte saudação: “Juntos somos mais fortes”.

> Dia de Luta contra proposta da Fenaban

A diretora executiva do Sindicato e funcionária do Santander Maria Rosani enviou mensagem ao banco criticando a nota: “Esta atitude de vocês é tão desrespeitosa com os bancários e bancárias e com o movimento sindical quanto é a proposta vergonhosa que a Fenaban colocou na mesa de negociação”. Até o início da noite de quarta 30, o Santander não se manifestou.

O comunicado do Santander é uma declaração explicita de sua interferência no movimento dos trabalhadores, através da indução do contingenciamento, e é um desrespeito à lei 7.783/89, chamada Lei de Greve. “O Santander não teve nenhum pudor de citar uma estratégia que é uma afronta ao direito que os trabalhadores têm, garantido por lei, de se organizarem livremente”, acrescenta a dirigente.

Rosani destaca ainda que, ao enviar a nota, o banco acaba intimidando o bancário, que se sente constrangido por ter participado do movimento. “Até porque a contingência não foi um sucesso, como quer fazer crer o banco. A adesão dos funcionários do call center ao Dia Nacional de Luta foi expressiva e mandou um claro recado: essa proposta sem aumento real e que não chega nem perto de repor a inflação não será aceita pela categoria”. A proposta da Fenaban é de 5,5% de reajuste, quando a inflação do período foi de 9,88% (INPC), o que representa perda de 4% para os bancários.

Todos à assembleia – Outro desrespeito, segundo Rosani, é a forma como termina a nota. “O trabalhador não é mais forte junto do patrão. Ele é mais forte quando está ao lado de outros trabalhadores, unido e mobilizado por melhores condições de trabalho e remuneração."

> Bancários fazem assembleia sobre greve

Call center – A dirigente lembra que o call center do Santander é o departamento do banco que paga os menores salários, e onde as condições de trabalho são muito ruins. “Os funcionários sofrem com acúmulo de funções, sem treinamento ou suporte para atender determinadas demandas dos clientes, e sendo pressionados o tempo todo a cumprir metas, além da pressão do controle absurdo de tempo para se fazer tudo”. E acrescenta: “Se o Santander não quer que esses bancários cruzem os braços, tem de ir para a mesa de negociação da Campanha com propostas decentes. Não adianta apostar em contingenciamento”.


Andréa Ponte Souza – 30/9/2015
(Atualizado às 19h30 de 1º/10/2015)
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