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PM retira jovens do Paula Souza com violência

Linha fina
Reintegração é executada e estudantes saem na base de empurrões e agressões. Até jornalistas são atingidos por cassetetes
Imagem Destaque
São Paulo – Os estudantes que mantinham a ocupação do Centro Paula Souza desde a quinta-feira 28 deixaram na sexta 6 a unidade sob truculência dos policiais militares da Tropa de Choque. O prédio no centro velho de São Paulo abriga a administração da autarquia responsável pelas escolas técnicas estaduais. Os PMs chegaram em peso, ocupando cinco caminhões, por volta de 5h e se postaram com armas em punho.

Por volta de 6h20, o mandado de reintegração foi recebido pelos estudantes, que tiveram 40 minutos para sair. Os alunos decidiram que a retirada seria pacífica, sem reação. Os policiais, entretanto partiram para cima e começaram a segurar com hostilidade os jovens que viam pela frente e arrastá-los para fora. Foram desferidos socos, empurrões e golpes de cassetete. Parte da imprensa foi impedida de se aproximar e ficou separada por uma barreira policial. O jornalista Mauro Donato, do Diário do Centro do Mundo, teve ferimento no supercílio.

A reintegração de posse foi executada poucas horas depois de o Tribunal de Justiça decidir autorizar a polícia do governo Alckmin a utilizar armamento letal e não letal na operação, vetada em decisão anterior. O governo, porém, recorreu para poder utilizar armas contra os estudantes.

Logo após saírem, partiram em caminhada pelo centro e chegaram a bloquear a Avenida Tiradentes, principal via de acesso entre a zona norte, a região central e a zona sul da cidade.

Escândalo da merenda - O ensino técnico de São Paulo sofreu um corte de 72% no orçamento no último ano. Parte das escola não tinha fornecimento de alimentação mesmo para os alunos que estudam em tempo integral. As ocupações, que hoje se estende a 15 escolas técnicas estaduais, reivindicam ainda a instalação de CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo – que também está ocupada – para apurar o escândalo de corrupção envolvendo fornecedores e agentes públicos. Entre os acusados está o presidente do Legislativo, Fernando Capez (PSDB).

O movimento estudantil protesta também contra o processo de reorganização promovido pelo governo Alckmin. No ano passado, o governo foi obrigado a rever seu plano de fechamento de turmas em toda a rede estadual depois de ver a ocupação de 211 escolas.

A Apeoesp, sindicato dos professores do estado, apurou que o processo vem ocorrendo de modo "disfarçado" e acionou o Ministério Público. A Secretaria Estadual de Educação admitiu que mais de 1,6 mil turmas, do básico ao médio, foram fechadas no começo deste ano. A Apeoesp defende que a sociedade e movimentos sociais organizem um Grito pela Educação Pública de Qualidade.

Avanço - A mobilização obteve a primeira vitória, anunciada pouco depois da reintegração. Segundo o G1, o governo Alckmin cedeu à pressão para garantir alimentação nas Etec que não têm restaurante. O anúncio foi feito pelo diretor da Etec São Paulo, Nivaldo Freire. Segundo ele, os alunos do integral passarão a receber marmitas a partir de agosto.

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> Após ocupação, alunos de Etecs terão marmitas  


Rede Brasil Atual - 6/5/2016
(Atualizado às 16h14)
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