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Bancários de Osasco abraçam greve

Linha fina
Mais de 100 agências permaneceram fechadas; Bradesco desrespeita direito de greve e utiliza PM para reabrir agências
Imagem Destaque

São Paulo – Os bancários de Osasco abraçaram indiscutivelmente a greve, e a prova disso é o que foi visto nesta segunda-feira 30, décimo segundo dia de paralisação, quando 102 agências e uma concentração permaneceram fechadas na cidade.

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A concentração parada foi a superintendência regional da Caixa, onde a falta de empregados foi a queixa mais recorrente. “Trabalhamos por dois ou três funcionários. A Caixa nos orienta a atender os clientes com carinho, mas com esse volume de trabalho é muito difícil. A gente se dedica tanto, e isso tem que ser reconhecido e valorizado”, cobra um empregado do setor, responsável por cuidar das agências e negócios na cidade. A Cepti (Central de Processamento de Tecnologia de Informação) também parou.

Outro empregado da Caixa ressalta que sempre foi e será a favor da greve. “É um direito dos funcionários, e se não fizermos valer esse direito, vamos ficar igual no tempo do Fernando Henrique, sem aumento real por mais de oito anos”, lembrou.

População - Muitos clientes de diversos bancos em Osasco se mostraram favoráveis à paralisação, mesmo com os contratempos que ela acarreta. “A greve favorece uns e prejudica outros, mas é um direito dos trabalhadores e só assim para se conseguir as reivindicações”, ponderou o auxiliar administrativo José Luis Rita, que utilizava os caixas automáticos de uma agência do Bradesco.

Opinião semelhante tem o aposentado Carlos Xavier. “Fui metalúrgico por mais de 30 anos, e só eu sei que não se consegue nada de mão beijada dos patrões. Sem greve não há respeito”, afirmou.

Outro cliente, que tentava pagar uma conta no HSBC, também deu apoio. “Claro que a greve atrapalha, mas a culpa disso é de quem, dos bancários? Não, é dos bancos, que ganham muita grana em cima desses juros e tarifas cobradas da gente e não aceitam dar um aumento decente”, bradou.

No grito – As queixas com relação as cobranças por metas abusivas surgiram aos borbotões, como sempre, e não foram exclusividade dos bancários de base. O gerente de uma agência do Itaú também citou a prática como o principal problema da rotina de trabalho. “A pressão está grande demais. É ligação de manhã, a tarde, a noite, muitas vezes no grito”, diz.

Um empregado da Caixa conta que seu próprio comportamento não é mais o mesmo desde que ele começou na profissão, há seis anos. “Do tempo que eu comecei para cá, eu mudei muito. Eu era uma pessoa melhor, com menos estresse, basta ver a diferença no trato com a minha família”.

Interdito - A exceção ocorreu com os funcionários do Bradesco, que viram seu direito constitucional de greve desrespeitado, e se viram obrigados a trabalhar devido a um interdito proibitório emitido pela Justiça e executado pela Polícia Militar. “Se está tendo greve, a agência tinha que ficar fechada. Esse interdito quebra o direito dos funcionários”, se queixou um bancário da agência do bairro Km 18, ainda em Osasco.

Outro bancário lembrou que o atual presidente do Bradesco começou como aprendiz no banco. “Ele já foi um de nós, por isso acho que deveria olhar menos para o bolso dele e respeitar mais os funcionários, inclusive o direito de fazer greve”, afirmou.

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Rodolfo Wrolli - 30/9/2013

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