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Ditadura no Brasil foi um atraso histórico

Linha fina
Terceira mesa da Conferência retratou realidade de ex-presos políticos e emocionou delegados bancários
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Atibaia – A diretora do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Rose Nogueira, e o deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP) foram os palestrantes do painel Em Defesa da Democracia – Ditadura Nunca Mais, a terceira mesa de debates da 16ª Conferência Nacional dos Bancários, na sexta 25.

Rose Nogueira (foto), que foi presa política em 1969 e companheira de cela de Dilma Rousseff, disse que o golpe de 1964 representou um atraso histórico no país e que ainda hoje o povo brasileiro sofre as consequências negativas daquele período.

“Faz 50 anos que nosso país foi tomado de assalto por um golpe cruel e imperialista. A ditadura nos tirou muitas coisas, nos impôs a censura, lançou milhares de brasileiros ao exílio. Foi a ditadura que promoveu a luta armada contra o povo brasileiro. Nós temos orgulho de ter participado da resistência ao golpe”, ressaltou.  

Rose destacou os prejuízos nos campos social, econômico e ambiental como heranças da ditadura e os privilégios concedidos pelo regime ao empresariado. “O regime militar aprofundou a miséria no Brasil. A Transamazônica, por exemplo, promoveu um genocídio dos índios e um dos maiores desmatamentos da história com o objetivo de abrir campo para o gado.”

Ao falar de sua experiência com a prisão e a tortura, a palestrante emocionou a plateia e foi aplaudida de pé. “Eu tinha 18 anos quando foi deflagrado o golpe. Fui presa em 1969. O delegado Sérgio Fleury ameaçou levar meu filho de um mês de idade. A tortura era uma política de Estado. Após ter meu filho, sangrava e não podia sequer tomar banho. Cheirava a sangue e leite azedo. Tive sequelas. Fui esterilizada. Sonhava em ter muitos filhos... Ditadura e tortura, nunca mais”, concluiu.

A presidente em exercício do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso, que coordenou a mesa, lembrou da tortura e morte do ex-presidente da entidade, Aluízio Palhano, assassinado no DOI-Codi e cujo corpo jamais foi encontrado.

Empresas – Presidente da Comissão da Verdade de São Paulo, Adriano Diogo denunciou o papel das empresas no golpe militar de 1964 e o apoio do empresariado brasileiro à ditadura militar. “O golpe foi na verdade civil militar, mais especificamente um golpe empresarial militar, já que empresas automobilísticas, de comunicação e bancos, entre outras, ajudaram com dinheiro ou logística o regime de repressão que se implantou no país em 1964.”

Ao afirmar isso, Diogo fez um paralelo com a atitude do Santander, divulgada nesta sexta-feira 25, pela imprensa, que ele classificou como uma tentativa de interferir nas eleições presidenciais de outubro, no país. “Há 50 anos, as multinacionais também interferiram na história do Brasil.”

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O deputado apresentou trechos do documentário nacional Cidadão Boilesen (2009), que aborda a influência do empresário Heinning Boilesen no fortalecimento da Operação Bandeirantes (Oban), centro de investigação montado pelo Exército em 1969, que coordenava ações dos órgãos de combate à luta armada de esquerda.

Um dos depoimentos do documentário é o do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra. Adriano Diogo pediu que o vídeo, exibido nos telões do auditório, fosse pausado com a imagem de Ustra, e denunciou: “Este é um dos maiores assassinos desse país, participou da morte de pelo menos 150 pessoas durante o regime militar”.

A importância do terceiro painel do evento pode ser definida pelas palavras finais da jornalista Rose Nogueira: “Temos de conhecer essa história, e nossos filhos e nossos netos têm de aprender na escola o que aconteceu no Brasil depois do golpe de 1964”.

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Rede de Comunicação dos Bancários - 25/7/2014

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