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Bancos ainda devem respostas aos trabalhadores

Linha fina
Cláusulas sociais voltam a debate nos dias 16 e 17. Pendentes propostas para reivindicações de emprego, saúde e condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades
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São Paulo – Nas rodadas de negociação que acontecem nos dias 16 e 17, o Comando Nacional dos Bancários quer respostas para reivindicações não econômicas que ficaram pendentes e são consideradas fundamentais pela categoria, como o fim das demissões injustificadas e mais contratações, melhores condições de trabalho e segurança, além da igualdade de oportunidades.

Saúde – Na primeira rodada, realizada entre os dias 19 e 20 de agosto, questões sobre saúde e condições de trabalho permaneceram sem resposta, já que a federação dos bancos propôs aguardar o resultado de levantamento sobre as causas dos afastamentos dos trabalhadores adoecidos. Esse levantamento é fruto dos debates realizados no grupo de trabalho sobre o tema, conquistado na Campanha 2013.

"Essas informações já estão com o Comando e, apesar de terem muitos problemas, está claro que precisamos avançar no debate sobre o fim da pressão e das metas que geram assédio moral e adoecem a categoria em níveis epidêmicos. Os trabalhadores não aguentam mais cobrança”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “Há situações absurdas que precisam mudar urgentemente, como a cobrança por metas diárias, que mudam de uma hora para outra. Isso não tem o menor sentido e está transformando a rotina dos bancários num inferno.”

Segurança – A extensão para todo o Brasil das medidas implantadas no projeto-piloto, na região de Recife (PE) é outra reivindicação que ficou sem resposta na rodada de negociação realizada em 27 de agosto. O projeto comprovou o que o Comando dizia: houve redução de 50% nos assaltos e diminuição de 42,9% nos crimes de saidinha nas agências onde foram implantados biombos para tornar mais privativas as transações financeiras tanto nos caixas como no autoatendimento, câmaras internas e externas, além das portas de segurança.

“O projeto-piloto conquistado na Campanha Nacional 2012 provou ter efetividade e queremos uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho que estabeleça a implantação dessas medidas em todo o Brasil”, explica Juvandia, lembrando que os bancos investiram somente R$ 2,4 bilhões no primeiro semestre com segurança. Isso representa 8,6% do lucro dos cinco maiores. O Comando cobra, ainda, a presença de no mínimo dois vigilantes em todas as agências bancárias, inclusive no horário do almoço conforme previsto em lei, e a proibição da guarda por bancários das chaves das agências e dos cofres.

Igualdade – A Fenaban está devendo a divulgação dos dados do II Censo da Diversidade, realizado entre março e maio deste ano, e conquista da Campanha 2012.

“Ter acesso a esses dados é fundamental para que possamos verificar se algo avançou desde a realização do primeiro censo, em 2008”, reforça Juvandia.

Dados públicos mostram que nada mudou. A Rais 2012 (Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho) aponta que os bancos têm 17% de funcionários pretos e pardos e o Censo divulgado em 2009 aparecia com 19%. “Também lembramos na rodada de 28 de agosto que, em 2000, a categoria tinha 43% de mulheres. Catorze anos depois elas ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 24% menores que os dos homens. A diferença vem se acentuando ao longo dos anos, já que era de 21% em 1994. Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários: 75% delas têm nível superior completo, enquanto entre os homens esse percentual cai para 69%”, destaca a dirigente. “Um quadro de injustiça que pode ser alterado com medidas como planos de cargos e salários em todos os bancos.”

Emprego – Aumentar o número de funcionários por unidade com mais contratações e o fim das demissões imotivadas é prioridade para os bancários. O debate foi feito nas rodadas de 3 e 4 de setembro, mas de acordo com os representantes das instituições financeiras que participam da mesa (BB, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander e HSBC), essas dispensas são feitas com muita responsabilidade e a maioria dos bancários que deixam seus empregos pedem para sair. Essa informação foi rebatida pelo Comando com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego que aponta: entre agosto de 2013 e julho de 2014, 62,8% dos desligamentos aconteceram por iniciativa dos bancos.

“Estamos falando de pessoas e não só de números”, salienta Juvandia. “São mais de 5 mil pais e mães de família dispensados somente nos primeiros seis meses deste ano. É um quadro inaceitável, que causa grande sofrimento tanto para os trabalhadores que saem quanto para os que ficam. Só serve para aumentar o lucro dos bancos.”

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Cláudia Motta - 11/9/2014

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