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Cordão da Mentira sai às ruas para repudiar ditadura

Linha fina
Bloco carnavalesco canta sambas e faz intervenções estéticas que homenageiam as vítimas e escracham problemas como a violência policial e a atuação da grande imprensa
Imagem Destaque

“Para de mentir, canalha
Para admitir a 'Falha'
Para de omitir que a dita foi dura demais

Para de fingir que é justa
Para de fugir do Ustra
Para difundir a farsa impressa nos jornais”


O Frevo da “Falha”, de autoria de Cuca e Everaldo, é a música mais famosa do Cordão da Mentira, grupo que desde 2012 sai às ruas no dia 1° de abril para relembrar o golpe de 1964 e as heranças que este período deixou para a sociedade brasileira. O bloco carnavalesco fora de época faz o último ensaio amanhã (30) para sair oficialmente em marcha na terça-feira 1º, dia que o golpe militar completa 50 anos.

Sob o tema “64 + 50: Quando vai acabar a ditadura civil-militar?”, o cordão usa a música e o teatro para lembrar os que foram mortos pelo regime, os que sofreram e os que sofrem seus efeitos até os dias de hoje. “O Cordão da Mentira é promovido no dia que aconteceu o golpe, 1° de abril, que é também o Dia da Mentira. É um tipo de bloco, um cordão de carnaval fora de época, que tem o objetivo de escrachar o que ainda permanece da ditadura. A temática é sempre ligada ao que tivemos naquele período e aquilo que permanece, como a violência policial, por exemplo”, afirma Beatriz Macruz, da comissão de comunicação do grupo composto por sambistas, grupos de teatro e diversos coletivos políticos.

A ideia do bloco é realmente estabelecer a conexão entre o passado e o presente. As músicas e as intervenções estéticas tratam sobre “temas cruciais para uma real transformação da sociedade brasileira e também reivindica pautas como a desmilitarização da Polícia Militar e o fim da cultura de violência e desrespeito aos direitos humanos que persiste nas favelas, periferias, penitenciárias, aldeias indígenas, no campo e nas ruas”.

O último ensaio será neste domingo, a partir das 18h30, no Espaço Cultural Lationoamericano (Ecla). Já a concentração, na terça-feira, será às 17h30, em frente ao Memorial da Resistência, que é a sede do antigo Departamento de Ordem Política e Social, o Dops. Durante o trajeto, o cordão fará intervenções na Praça da República e na Rua Maria Antônia, palcos de conflito e repressão durante a ditadura e também nas manifestações de junho de 2013.

As músicas que serão cantadas durante o trajeto estão disponíveis no SoundCloud do grupo.

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Xandra Stefanel, especial para Rede Brasil Atual - 31/3/2014

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